- Mayara Miranda Calabrez -
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Os bebês muito pequenos brincam? Quando os bebês começam a brincar? Como eles brincam? Com o que eles brincam? Com quem eles brincam?
Bebês brincam!! E já começam a brincar dentro da barriga da mãe, brincam principalmente com o movimento do corpo, experimentando as sensações do corpo, através do empurrar com o pé a barriga da mãe, agarrar o cordão umbilical, dar piruetas dentro da barriga, todas essas são experiências sensoriais que o bebê adquire ainda na gestação, e por que não pode ser considerada brincadeira, não é mesmo?
Minha trajetória profissional e pessoal, me aproximou do cuidado com bebês, e através desse contato pude ver o que eles precisam para poder desenvolver suas habilidades através do brincar, e o quanto o brincar é importante dentro de um contexto hospitalar, um contexto de internação, muitas vezes prolongada. Vou trazer alguns fatos para pensarmos sobre o brincar com os bebês internados.
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Quando falamos de bebês muito pequenos, prematuros ou que estão com alguma doença, e se encontram em situação de internação, pensamos o quão vulneráveis aqueles pequenos estão pela situação, pelos procedimentos necessários, porém dolorosos e estressantes, pela quebra de rotinas. E o que nesse momento delicado poderia dar ao bebê conforto e segurança? Principalmente, a mãe do bebê. Quando falamos de internação de um bebê, falamos do duo mãe-bebê. E por que estou falando da mãe do bebê? Pois o bebê e a mãe, nesse início da vida são um mesmo ser.
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De acordo com Winnicott, do ponto de vista do bebê, nada existe além dele próprio, e portanto a mãe é, inicialmente, parte dele. Portanto, a presença das mães, principalmente, nesse período de fragilidade do bebê, dá segurança à ele, e é através da mãe que muitas brincadeiras se darão durante a internação. E de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a criança tem direito da presença e permanência de um dos pais ou responsáveis nos casos de internação hospitalar.
Apesar dos bebês estarem em situação delicada na internação, o brincar se faz necessário. E como é esse brincar? Quais possibilidades de um ambiente seguro e saudável para o bebê internado? Normalmente, o bebê internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, encontra-se monitorizado, em incubadora, por vezes em uso de oxigenioterapia. Esse ambiente, por necessidade, apresenta diversos ruídos de intensidades diferentes, além de luminosidade intensa para realização dos procedimentos.
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Portanto, a primeira intervenção para pensarmos em um ambiente mais saudável para o brincar, é a organização do ambiente, minimizando os ruídos sonoros, diminuindo a luminosidade que adentra a incubadora, colocando tecidos escuros sobre elas, a utilização de ninhos que trarão conforto ao bebê. E então após o bebê estar minimamente protegido de estímulos inadequados, podemos pensar no brincar.
E a mãe? Entra em qual momento na brincadeira? Sempre as oriento que todo toque, toda conversa, toda música e estímulo é brincar. As mães ficam encantadas de perceberem que seus bebês nesse momento de fragilidade são capazes de brincar. Fortaleço que a brincadeira faz parte do tratamento do bebê, e elas adoram proporcionar esses momentos a seus filhos. Isso mostra que apesar do ambiente hospitalar, muitas vezes frio e focado na doença, o brincar traz o saudável.
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Partindo do bebê, podemos observar as brincadeiras com o próprio corpo. Costumamos ver os bebês sugando os dedos, apoiando os calcanhares e empurrando, observando o ambiente com os olhos, observando a própria mão. Tudo isso é brincadeira que o bebê experiencia de maneira ativa.
Podemos também posicionar móbiles em seus leitos, os bebês adoram perceber a movimentação dos objetos do móbile. E bebês pequenos se atraem para cores com contraste e com padrões. Então é importante ofertarmos esse tipo de estímulo. Sempre pensando nas habilidades que o bebê é capaz de realizar dependendo da sua fase de desenvolvimento.
Algumas mães têm dificuldades de iniciar o brincar, então um possibilidade de facilitar esse início, é pensar com as mães as músicas que elas cantavam para os bebês enquanto estavam grávidas, quais músicas e cantigas elas se lembram de quando eram crianças, quais brincadeiras faziam, e sempre vem à tona a reflexão sobre o quanto brincamos a maior parte do tempo com os bebês, de maneira intuitiva, e sequer nos damos conta disso. Falar com leveza sobre o brincar, sobre nossas brincadeiras favoritas, sobre as músicas que lembramos da nossa infância são um facilitador para as mães começarem a brincar mais efetivamente com seus bebês internados.
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A confecção dos móbiles pelas mães, também é algo que motiva elas, pois elas que estão construindo o primeiro brinquedo dos bebês, e é lindo de ver o encantamento delas. O brincar no ambiente de UTI neonatal se dá de maneira espontânea pelo bebê e também através da interação com a mãe e profissionais que os atendem, e sem dúvida melhoram o quadro de saúde do bebê.
E acredito que quando o brincar é visto desde o começo da vida como algo que faz parte do desenvolvimento saudável, damos mais valor e possibilitamos à esse bebê e essa criança ambientes e espaços favoráveis ao brincar.
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