- Violet Oaklander -
“Preciso lembrar a mim mesma que a minha tarefa é ajudar as crianças a sentirem-se fortes dentro de si. Portanto, dê tempo ao tempo. Ao verem a criança frustrada, alguns pais acham que estão cometendo um erro. Não avaliam que a frustração tem um papel importante na vida dela, pois não conseguirá tudo o que quer o tempo todo e terá que lidar com sentimentos adversos. Frustrar-se é tão fundamental quanto os sentimentos considerados positivos, como alegrar-se".
Este trecho foi retirado do livro DESCOBRINDO CRIANÇAS, da editora SUMMUS, que foi escrito pela psicóloga, especializada em desenvolvimento infantil, Violet Oaklander.
Segundo ela, escrever este livro de terapia infantil de enfoque gestáltico não constitui tarefa muito fácil para alguém que sempre orientou seu trabalho com crianças a partir de uma perspectiva psicanalítica. É poder olhar o diferente a partir de seu referencial próprio, evitando a tentação de um reducionismo. Caso contrário, corre-se o risco de desconsiderar tudo o que de novo esta perspectiva pode oferecer. Apesar deste risco, foi para mim uma experiência bastante gratificante e enriquecedora poder acompanhar Violet Oaklander em sua prática clínica, onde, através de jogos mais ou menos dirigidos, procura abrir à criança um espaço à expressão livre de suas fantasias e sentimentos, para que, quase como uma conseqüência espontânea, possa emergir o conflito de base.
Poder favorecer à criança sair de sua solidão e encontrar no outro um eco aos seus anseios mais escondidos, seria este o projeto da autora? Parece que sim. Tendo por linha mestra seguir o curso da própria experiência infantil, ela utiliza argila, areia, água, tinta, estórias, gravuras, ferramentas, toda uma gama de materiais lúdicos que lhe permite ver e responder às pistas dadas pelas crianças, funcionando como úm continente à eclosão daquele sentimento ou daquela vivência, que, por alguma razão, a criança não se permite experimentar.
Sem dúvida a prática de Violet aponta para além disso; apesar da importância, talvez excessiva, que ela empresta aos sentimentos no plano teórico, o que nos aparece em seus relatos de caso é a erupção de várias linhas de associação de idéias, sempre caminhando, no sentido de favorecer à criança a simbolização do conflito no qual se encontra enredada.
O que nos mostra que, se a fantasia é seu campo de ação e se a expressão afetiva é o seu guia terapêutico, a experiência de Violet acaba conduzindo sempre à possibilidade de a criança exprimir em palavras aquilo que antes era sem nome e sem lugar. E, neste sentido, poder se situar melhor no complexo de circunstâncias que a cercam e, por vezes, a coartam. As crianças falam de si mesmas destacando suas posições mediante a experiência do conhecimento. A autora desenvolve um sério estudo sobre o crescimento infantil empregando métodos altamente originais e flexíveis.
Não espere encontrar neste livro uma elaboração teórica rigorosa; conforme já disse, a prática, muitas vezes, aponta - para além da teoria. Espere encontrar, entretanto, uma mulher cheia de vida que tem a coragem de se despir dos estereótipos e preconceitos do adulto, para tentar descobrir, em toda sua intensidade, o complexo maravilhoso e intrincado do universo infantil.
São idéias simples, como passar uma tarde ao lado do filho fazendo arte ou buscá-lo na escola, com tempo para entrar e talvez até conversar com o professor.
Mas cada uma dessas idéias tem um fundamento educativo e afetivo. É verdade que, no primeiro instante, a meninada pode não entender a proposta e se chatear. Afinal, vivemos num mundo em que os apelos do consumo estão por toda parte. Antes de ceder a eles tenha em mente o que a psicóloga americana Violet Oaklander escreveu.
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