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  • O BRINCAR NA INFÂNCIA: PERCEPÇÕES E VIVÊNCIAS

    - JACQUELINE PEREIRA DE SOUZA - De acordo com o dicionário online Michaelis brincar pode ser definido como “Divertir-se com jogos infantis; entreter-se com objetos ou atividades lúdicas; simular situações da vida real; distrair-se, folgar, recrear-se”. Além dessas definições, ainda encontram-se mais algumas tantas possibilidades, mas algo é certo, quando fala-se de brincar, quase que instantaneamente, voltamos nossos pensamentos a criança, o típico ser brincante do nosso imaginário conjunto. Logo, quando passamos a refletir sobre nosso próprio brincar, é inevitável, regressamos a nossa infância, pois num senso comum, lá e somente verdadeiramente lá, brincamos e nos era permitido brincar. Colocado isto, vou caminhando para os meus tempos brincantes, nas memórias infantis distantes e outras um tanto mais próximas. Fui a típica criança tachada de “cria de apartamento”, a única diferença na verdade, era que morava numa casa. Minha mãe, que trabalhava como dona de casa, sempre esteve presente, mas pelos possíveis perigos da rua, num bairro não tão seguro, não me era permitido brincar na rua. Com isso, em casa, me restava explorar o brincar dentro desse território. Tinha como minha fiel escudeira minha irmã mais nova e também a única, que nesse mesmo contexto, se aventurava comigo pelos sofás, entre as camas e nos tenebrosos mistérios que o quintal podia reservar. Alguns dias brincávamos de boneca, cuidando de nossos bebês tal como mães exemplares, outros preferíamos os jogos de tabuleiro. Em dias mais ativos, passávamos horas balançando na rede e enquanto ninguém estava de olho, íamos a alturas que para um crivo adulto, seria uma certa rachadura na cabeça. Porém, a minha brincadeira favorita de todas, que me deixava em êxtase quando era acatada por minha irmã, era a famosa escolinha. Ser a professora, escrever a rotina na lousa, planejar as atividades, checar a cópia da minha “aluna” no caderno, passar até mesmo a lição de casa. Era a coisa mais divertida desse mundo! Eu podia passar horas e horas nessa, mas infelizmente, não tinha o mesmo empenho dos meus queridos estudantes. Entretanto, apesar de sempre ter minha irmã enquanto companheira nas brincadeiras (e nas “artes”), eu gostava imensamente de brincar sozinha. Amava criar minhas próprias histórias, minhas inúmeras personagens e fazer um enorme faz de conta comigo mesma, eu, meu corpo e uma mente efervescente. E foi no meio desse universo da imaginação, que descobri uma das minhas brincadeiras/ brinquedos favoritos. Na escola, acredito eu, em meados da segunda série, talvez terceira ou quem sabe quarta, me lembro que tínhamos o projeto de criar um brinquedo de material reciclado. Então, decidi fazer uma casa de bonecas em uma caixa de sapato. Com rolos de papel higiênico, caixinhas de pasta de dente e entre outros, fui desenvolvendo a mobília do local. E foi com esse brinquedo, que passei inúmeras horas dos anos seguintes. Ali viviam algumas personagens, tudo funcionava como se fosse uma pensão. Moranguinho era a dona, com sua fiel tartaruga (uma borracha) de estimação. Vivia ali também o Snoopy surfista que namorava com uma Barbie paralela (todos esses brindes do McLanche Feliz). Havia também, uma família de pôneis, que vinham de uma distante terra mágica. Ali naquela casa, aconteciam as mais diferentes histórias, viagens, brigas, festas de aniversário, casamentos. Eu ficava ali horas a fio junto a mim mesma brincando com todos eles. O uso era tanto que por algumas vezes tive que refazer a casa, tal como uma reforma. Além das brincadeiras analógicas, como uma boa criança dos anos 90, vivi a ascensão dos computadores e da internet. Os finais de semana eram os grandes dias, neles eram concedidas alguns minutos navegando pelos web-sites infantis, sendo a grande atração o da Barbie. Meu jogo favorito era de criar uma revista, escolhendo todas as características da garota que estaria na capa, os elementos que conteriam nas reduzidas páginas. Eram motivo para grande satisfação, tal como criatura e seu criador. Além desse, ficava hipnotizada com o site da turma da Mônica e com as centenas de desenhos disponíveis para pintar. De tal maneira, a lentidão da internet discada, o típico barulhinho, o mouse de bolinha, eram as delícias de todo um ritual para esse especial brincar. Ainda quando não havia internet a vinda do computador deu a luz a novos jogos, foi ali no Windows que aprendi a jogar Paciência. No começo só movimentava as cartas desordenadas, um jogo sem a menor graça, até que aprendi as regras e foi ficando cada vez mais divertido. Havia também o campo minado (esse no caso, até hoje não aprendi as estratégias) e outro jogo de fazer bolos, que também garantiu algumas horas de diversão. Entretanto, a história com o computador não parou pro ai. Posto a vivência do computador no meu brincar da infância, é colocado outras personagens no meu brincar. Como já dito anteriormente, tinha basicamente minha irmã como cúmplice. Contudo, outras pessoas também habitavam esporadicamente meu espaço brincante, sobretudo meus primos. Eu e minha irmã somos as caçulas dos netos, assim, tínhamos pouquíssimos familiares com a idade próxima as nossas, entre esses poucos, eram meus primos meninos. Portanto, o que restava era brincar de futebol e outras brincadeiras tidas como de menino. Passávamos tardes brincando de competição de “cabeçeada” ou então chute ao gol. Eu, como nunca foi muito habilidosa, era constantemente zoada, minha falta de jeito para jogar bola e minha estabanação, rendeu-me o apelido de “Cavala-man”. Tentava me inserir de qualquer jeito em meio àquelas brincadeiras dos “meninos” e ia conhecendo as nuances do machismo. Isto posto, expandindo para afora das fronteiras do mundo familiar, sendo a vida como ela mesma. A escola também se fez enquanto espaço fundamental do brincar. Logo nas memórias mais primeiras, deparo-me com o parque de areia. O dia que podíamos ir até lá era de enorme fervor na classe, ainda mais quando era o parque II, o maior de todos, com os maiores brinquedos. Escorregávamos, subíamos no trepa-trepa, fazíamos bolinhos de areia. Uma das lembranças mais trágicas foi o dia em que a lente de contato da professora caiu na areia e tivemos que retornar mais cedo para classe. E ao falar em brincar na escola, não há como esquecer do recreio. Ali também foi o espaço de muito brincar. Uma das brincadeiras muito brincadas foi o pular corda, entoando desde Salada, Saladinha até Suco gelado, cabelo arrepiado. A música também se fazia presente nas brincadeiras de mão, que eram ensaiadas exaustivamente, até que conseguíssemos fazer cada vez mais rápido, aqui ia-se de Soco, soco; Bate, bate até Tricilomelo. Dessa maneira, foi em meio aos intervalos que saí da música e fui para outra linguagem: os jogos. Me deparei com um jogo diferente, que por algum tempo me inspirou curiosidade, até que finalmente o desvendei: o xadrez. Foi em meio a alguns minutos de recesso que um amigo me ensinou, então ensinei ao meu pai e assim o xadrez foi a figurinha marcada por um bom tempo enquanto umas das brincadeiras preferidas. E dessa maneira o brincar foi constituindo-se na minha infância, das mais diferentes formas, nos mais diferentes espaços, experiências singulares, pessoas que também compartilharam o brincar comigo e com minha constituição. Contudo, seria um ledo engano se eu pensasse que o brincar ficou lá trás, nas longínquas memórias infância. Seja nos jogos de tabuleiro com meus amigos, seja brincando com as outras crianças e bebês da minha vida e do meu trabalho na sala de aula. A gente vai percebendo que o brincar não tem idade e no brincar a gente se diverte tanto quanto tínhamos sete anos de idade. No frenesi da vida adulta a gente vai dizendo que não tem tempo, o cotidiano e a banalidade vão tomando conta da nossa alma. Não se tem tempo para cantar, para dançar, para sorrir. As obrigações que engolem todas as horas. A gente vai até se esquecendo que já brincou um dia, vai efetivamente acreditando que brincar é coisa de criança e vai deixando se esvair que para ser humano é necessário antes ter sido criança e portanto, o brincar também nos constitui e nos constituiu enquanto sujeitos.

  • BRINCAR E CONSTRUIR RELAÇÕES

    - Roberta Zaharur - A CONSTRUÇÃO DAS RELAÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS O brincar é fundamental para desenvolver o conhecimento do mundo em que se vive, para se apropriarem das normas de comportamento e da vida em grupo, as brincadeiras servem para provar as experiências. É a relação do indivíduo com a sociedade, inaugurando outros mundos, criando narrativas coletivas e assim tornando esses mundos reais. O ser humano se revela através das brincadeiras, pois trabalha a racionalidade lógica, diminui as tensões e incita uma alegria revolucionária, ou seja, brincar não significa que não é ser comprometido, é ter uma experiência de prazer e liberdade. Sentir o mundo como um grande brinquedo se apropriando da realidade e desenvolver conhecimentos através da imaginação; competências afetivas e cognitivas, e ter a possibilidade de enxergar aquilo que os olhos não veem. O revolucionar pelo brincar é poder se sentir alegre, encantado, transformar e ser transformado pela natureza, saber se divertir com o próprio corpo, se expressar culturalmente, de criar rituais brincantes que envolvam crianças e adultos juntos desenvolvendo oportunidades de vivenciar diversos papéis, aprender que quando se constrói vínculos se pensa e repensa nos valores sociais e morais; é saber que escutar e observar o outro se torna importante para poder compartilhar. As brincadeiras normalmente têm uma raiz, mas que pode ramificar para várias propostas como: socialização; inclusão; atenção; ampliação de repertório; troca de experiências e vivência em sintonia. Favorece o estímulo da curiosidade, a autoestima e a interação comum, além de possibilitar descobertas e a compreensão das diversas possibilidades e oportunidades que o mundo está cheio, para expansão da criatividade e exercício da autonomia. Para Vygotsky (1998), a criação de situações imaginárias na brincadeira surge da tensão entre o indivíduo e a sociedade e a brincadeira libera a criança das amarras da realidade imediata, dando-lhe oportunidade para controlar uma situação existente (Cerisara, 2002). Brincadeiras Brincadeira - Tibitar: Descrição da brincadeira: Em grupo de pessoas, uma ou mais pessoas se destacam desse grupo, então escolhem uma palavra (normalmente um verbo, pois indica ação), retorna para o grupo e as pessoas que permaneceram precisam adivinhar a palavra escolhida, porém deve fazer perguntas colocando a palavra tibitar, ex.:”você tibitou hoje?”. Através das perguntas as pessoas vão tentando adivinhar a palavra escolhida. Objetivo de desenvolvimento: Diversão, experiência, escutar e observar o outro, trabalhar a capacidade de criatividade e os sentidos das palavras para formular perguntas e respostas, como atitudes em relação ao que cada um tem como forma de comunicação, fortalecer ideias. Brincadeira - Nome e Gesto (de apresentação) Descrição da brincadeira: Em uma roda, cada pessoa fala seu nome e faz um gesto e os outros repetem o nome da pessoa e seu gesto. Objetivo de desenvolvimento: Trabalha a atenção, a memória; coordenação motora e psíquica; reconhecimento, o escutar. Identidade; valorização; concentração; empatia;; comunicação; estímulos; sensações, acolhimento. Brincadeira – O que Você está Fazendo? Descrição da brincadeira: Uma pessoa começa a fazer uma determinada ação, aí outro alguém pergunta o que está fazendo, então ela responde outra ação diferente e esse outro alguém tem realizar a ação dita e o próximo consecutivamente. Objetivo do desenvolvimento: Respeitar a expressão do outro, trabalhar a concentração através da destreza corporal e psíquica, conexões neuromas, trabalha a ansiedade, conhecer limites e se necessários ultrapassá-los, se arriscar, desenvolver a empatia e fortalecimento. Brincadeira- Jogo da Confiança (Pêndulo) Descrição da brincadeira: Pode ser feito em dupla ou mais pessoas, sendo que um dos componentes se joga confiando que o outro ou os outros integrantes vão segurá-lo. Objetivo de desenvolvimento: Confiança, Contar com apoios, sustentação diferente, segurança, ser suporte, compartilhar conflitos. Brincadeira- Batata Quente Descrição da Brincadeira: Em uma roda de pessoas, escolhe um objeto, então um dos integrantes fica de fora da roda e de costas para a roda e começar a cantar “batata quente”, e quando parar de cantar, fala queimou, então que estiver com o objeto sai e ganha o último que ficar. Desenvolvimento da brincadeira: Repassar conhecimento, como se passa e recebe o problema, trabalhar a ansiedade, medo e falta do controle. Brincadeira – Passa Anel Descrição da brincadeira: Utiliza-se um anel, aliança ou um objeto pequeno, alguém observando e com as mãos fechadas vão passando o anel de mão em mão cantando a música e quando parar a pessoa tem que adivinhar com quem está. Objetivo de desenvolvimento: Aparências, julgamento, equívocos, o apontar o outro. Considerações Finais As brincadeiras é a realização das tendências que não podem ser satisfeitas imediatamente. É a construção de parcerias trabalhando as palavras e atitudes para lidar com determinadas questões e pensar nessas questões. Poder construir ou criar a partir do saber individual, experimentando o falhar, o acertar, o encontrar, a possibilidade para o fortalecimento, saindo do seu eu e compartilhar comparando com o que se passou ou fez, mas conseguindo expressar o sentimento daquele momento. Entender o sentimento de que poder ter feito melhor para evoluir, reparando e reconstruindo para adquirir ou passar confiança, sendo que nem sempre a palavra certa está com o adulto, aceitar o outro no seu mundo e ser aceito no mundo do outro, contribuindo e colaborando, representando e cuidando sem interferir na forma do pensamento, As brincadeiras, principalmente em grupos, são muito importantes exigindo maior capacidade de improvisar e lidar com outras ideias e imaginações para um mesmo cenário, aguçando a troca de experiências culturais e sociais e compartilhando melhor o mesmo espaço e os mesmos objetivos.

  • Brincadeira é coisa boa

    - Caroline C R Fukumoto - Segundo o Dicionário Houaiss, o verbete brinquedo significa objeto de brincar, mas também se refere a jogo, distração. Entretanto, para melhor compreensão trazemos a fala de Gilles Brougére no que diz respeito à brincadeira, A função do brinquedo é a brincadeira. Mas, desse modo, definimos um uso preciso. A brincadeira não pertence à ordem do não funcional. Por detrás da brincadeira, é muito difícil descobrir uma função que poderíamos descrever com precisão: a brincadeira escapa a qualquer função precisa e é, sem dúvida, esse fato que a definiu, tradicionalmente, em torno das ideias de gratuidade e até de futilidade. E na verdade, o que caracteriza a brincadeira é que ela pode fabricar seus objetos, em especial, desviando de seu uso habitual os objetos que cercam a criança, além do mais, é uma atividade livre que não pode ser delimitada. Ainda de acordo com o pesquisador Gilles Brougére (2010) há uma distinção entre brinquedo e jogo. O jogo possui uma função específica, como por exemplo, o princípio de construção (encaixe e montagem) para peças de um jogo de construção. Por outro lado, o brinquedo é um “objeto que a criança manipula livremente sem estar condicionado às regras ou a princípios de utilização de outra natureza”. O brinquedo é relacionado a um objeto infantil, enquanto o jogo pode ser relacionado a crianças e adultos. “Os objetos lúdicos dos adultos são chamados exclusivamente de jogos, assim pela sua função lúdica”. De acordo com Daniela Girotto (2013), o brinquedo foi se modificando com o passar dos séculos. Ele passou de ritualístico e sagrado para as festas do cotidiano mais relacionado ao momento de lazer e diversão das crianças. Ele deixou de ser manufaturado artesanalmente e transmitido de geração em geração, os brinquedos passam a ser industrializados e incorporar aspectos tecnológicos em alguns casos. Nesse contexto, o brinquedo pode servir para exercitar algumas competências necessárias a uma sociedade ou pode servir ao entretenimento. Alguns brinquedos atuais são objetos de diversão, entretenimento, conhecimento, relação da criança com o mundo, é como se o brinquedo fosse completo, mas sabemos da necessidade de aprender a brincar com o outro. Aprendemos a brincar com nossos pais, e nossas brincadeiras estão dentro de um contexto cultural de uma determinada sociedade. Por esta razão achamos importante destacar um parágrafo do texto de Daniela Girotto que explica o que é humanização. Humanização aqui refere-se ao aculturamento, à civilidade, à capacidade de relacionar-se e identificar-se com os outros de seu entorno, compreendendo seus valores, suas regras e fazendo parte de um grupo social. Para isso é preciso o convívio em diferentes grupos, seja família ou a escola, a constituição de relações significativas suficientemente duradouras e profundas. Acreditamos que o brincar pode proporcionar essa humanização as crianças para que se tornem adultos saudáveis, contribuindo para formação de uma sociedade mais sadia. O brincar pode ser uma forma de curar muitos males modernos, a brincadeira também pode ser considerada uma forma de revolução da criança - menção da fala de Lygia Hortélio no filme Tarja Branca. Tipos de brinquedos A partir de pesquisa levantamos a existência de muitos tipos de brinquedo. São inúmeras possibilidades de categorização. A seguir indicaremos o nome da categoria, breve descrição e fonte. Jogos x brinquedo (Gilles Brougére) O jogo possui regras e o brinquedo pode ser manipulado livremente. Jogos de escolha (Adriana Klisys) São formas de decidir quem começa um jogo. Ex: Lá em cima do piano, par ou ímpar, jô quem pô etc. Jogos de faz de conta (Adriana Klisys) Jogo inventado pela criança caracterizado pela capacidade de representar, simbolizar. Faz de conta que eu era uma fada, bruxa, princesa etc. Ex: um saquinho de leite ser um bebê. Jogos de habilidade e destreza (Adriana Klisys) Jogos relacionados à construção e aperfeiçoamento de suas habilidades motoras e relacionais. Ex: pular elástico, corda, jogar pião e bolinha de gude etc. Jogos de tabuleiro, dados e cartas (Adriana Klisys) São jogos que utilizam objetos como tabuleiro, dados e cartas para seu desenvolvimento entre os participantes. Curiosidades: O jogo mancala é o provável antecessor de todos os jogos de tabuleiro. Xadrez e dama são passatempos medievais. Os jogos tinham um caráter divinatório e religioso de comunicação com os deuses. Atualmente o dado de seis faces tem um padrão de fabricação e é utilizado como componente fundamental de vários jogos. A referência mais antiga encontrada a respeito de jogo de cartas ocorreu na dinastia Tang chinesa (618-907) Brinquedo com materiais da natureza (Adelsin) São brinquedos inventados utilizando recursos disponíveis na natureza. Ex: um sabugo de milho que vira boneca ou um capim que vira flecha. Brinquedo com materiais reaproveitados (Talita Dias Miranda e Silva) São brinquedos confeccionados com materiais como garrafa pet, jornal e outros materiais. Brinquedos com materiais não estruturados (Labrimp da Feusp) São brinquedos que podem ser inventados utilizando os materiais não estruturados. Tais como: cones, carretéis, madeiras, caixas de papelão, conduítes, tecidos, elásticos, pneus, elementos da natureza, entre outros. Brinquedos silentes (Lygia Hortélio) Os brinquedos silentes acontecem no silêncio. Exemplos: amarelinha, jogo de bolinha de gude, ou brinquedo de papagaio Brinquedos sonorosos (Lygia Hortélio) Os brinquedos sonorosos são aqueles cuja ação é movida pelo som. Exemplos: parlenda, cantilena e cantiga, como por exemplo, uni duni tê, uma velha, muito velha, Senhora Dona Sancha ou noTrês, três passará. Há distinções dentro dessa categoria: brinquedos cantados e brinquedos ritmados. Os brinquedos cantados são aqueles que têm uma cantiga (acalantos, brincadeiras de escolha, brincadeira de roda etc). Os brinquedos ritmados são regidos pelo impulso dos ritmos das palavras (corda, elástico, mão etc). Além desses, há algumas variações como, por exemplo: brinquedos rítmicos melódicos e brinquedo melódico ritmado. A diferença está na ênfase maior ou menor no teor da melodia ou de ritmo. Segundo Lygia Hortélio é possível perceber a sequência cronológica de ocorrência dos brinquedos sonorosos na vida de uma criança ao longo do tempo – canções de ninar, brincos ou brinquedos com os pequeninos, brinquedo dos pequenos, brinquedos dos maiores, as rodas de verso, brinquedos tradicionais e da Cultura contemporânea, histórias cantadas ou cantigas. Os brinquedos sonorosos constituem o repertório da Música Tradicional da Infância- Música da Cultura Infantil Brasileira, que deve ser valorizada! Brinquedos cantados ou Brincadeira Cantada (Maristela Loureiro e Ana Tatit) As autoras apontam algumas opções de brincadeiras cantadas diferentes das brincadeiras citadas por Lygia Hortélio. São elas: acumulativas, cânones, desafios rítmico e melódico, quodlibet-combinação de melodias populares cantadas simultaneamente, canções que falam de animais, de medo, canções de ninar, de festas e danças brasileiras. Ex de acumulativas: fui visitar minha tia em Marrocos. https://www.youtube.com/watch?v=_aRInh49Doc Ex de cânones: chaá,a,a. https://www.youtube.com/watch?v=Y8NsLEVnPyw Ex de quodlibet: bão, balalão, boi da cara preta e marcha soldado. Ex de canções que falam de animais: xô meu sabiá Ex de canções de medo: murucututu. https://www.youtube.com/watch?v=TkAT_sq6pZU Ex de festas e danças brasileiras: ciranda https://www.youtube.com/watch?v=uZu8SNQtihM Referências bibliográficas ADELSIN. Barangandão Natureza. Ed. Peirópolis, 2013. BROUGÉRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez, 2010. KLISYS, Adriana. Quer jogar? São Paulo: Edições SESC SP, 2010. LOUREIRO, Maristela; TATIT, Ana. Brincadeiras cantadas de cá e de lá. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2013 (Brinco e Canto). SILVA, Lucilene. Eu vi as três meninas: música tradicional da infância na Aldeia de Carapicuíba. Carapicuíba, SP: Zerinho ou Um. 2014. SILVA, Talita Dias Miranda e. Brincando de construir bonecos com sucata e papelagem. PONTÃO DE CULTURA. FE-USP, 2009. Link consultado em 12/12 Tarja Branca http://www.adorocinema.com/filmes/filme-229187/trailer-19538718/

  • Motricidade, brincadeira e neurociência

    - Laura Melo Lima - “A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos dirigidos a elas” (Henri Wallon) No universo pedagógico a palavra motricidade é usada com frequência, sobretudo nos estudos acerca do desenvolvimento infantil. Definida como “conjunto de funções nervosas e musculares que permite os movimentos voluntários ou automáticos do corpo”, a motricidade pode ser compreendida como a sucessão de posturas e movimentos divididos em três categorias: movimentos reflexos, movimentos rítmicos e movimentos voluntários. Em uma escala de complexidade os movimentos reflexos seriam os mais simples, e os voluntários, mais complexos. Por esta razão, os movimentos reflexos são organizados pela medula espinal e movimentos voluntários necessitam da participação de outros níveis hierárquicos do sistema motor. É consenso entre diversos teóricos - Piaget, Vygotsky e principalmente Wallon - que o movimento tem papel fundamental na afetividade e na cognição. O médico francês Henri Wallon foi um dos autores que abordou com mais afinco as dimensões do movimento e atribuiu a este um “caráter pedagógico”, pois segundo ele “há uma qualidade no gesto do movimento e na sua representação”. Para entender as nuances do controle motor e pensar os espaços educativos e a brincadeira é necessário trazer à tona as contribuições da neurociência na análise deste cenário e abordar a discussão sobre os espaços oferecidos pelas escolas e demais instituições para o desenvolvimento do brincar. No início da vida o indivíduo (bebê) relaciona-se com o mundo, exclusivamente, por meio de movimentos reflexos. Os atos - sugar e agarrar - são inatos, e segundo algumas pesquisas são aparentes ainda no útero materno. Esse comportamento apresentado inicialmente demonstra a falta de intencionalidade do movimento, pois o bebê não desenvolveu os músculos, nem o tônus muscular. A neurociência diz que movimentos reflexos são simples, primários e, portanto, se diferenciam do movimento voluntário, pois não possuem intencionalidade. Wallon nomeou de disciplinas mentais a competência de controle de suas ações pelo sujeito. Segundo ele, essa capacidade está ligada a maturação dos centros de inibição e discriminação situados no córtex cerebral que acontecem por volta dos seis, sete anos. Antes dessa idade a capacidade da criança controlar voluntariamente suas ações é pequena. ( GALVÃO, 2009, p. 75-76). As escolas, particularmente, algumas da rede públicas, estão arquitetadas numa estrutura do século passado, a disposição do espaço assemelha-se com as penitenciárias, são rígidos, crianças amontoadas em espaços apertados, obrigadas a ficarem por horas na mesma posição e fixar atenção sobre um foco. O que evidencia a tentativa de controlar comportamentos e punir, mas que há tempos dão indícios de fracasso. Galvão ( 2008) expõe o pensamento de Wallon - as escolas, infelizmente, insistem em imobilizar a criança, deixando-as limitadas a uma única possibilidade. A neurociência adverte quanto a isso e orienta para variar o contexto, o cérebro precisa passar por experiências diversificadas. As crianças precisam experimentar contextos diferentes para aumentarem o repertório comportamental, que nas palavras de Wallon significa– consolidar as disciplinas mentais – é um processo gradual e lento e que não depende apenas das condições neurológicas, mas estão ligadas a fatores sociais e ambientais, como o desenvolvimento da linguagem e aquisição de novos conhecimentos, ou seja, modelos. Brincando as crianças conseguem desenvolver muitas habilidades. De acordo com uma matéria do jornal El país realizada no ano de 2018 “quanto mais heterogêneas forem as idades das crianças que brincam, melhor será para o desenvolvimento das relações pessoais e para a modulação da agressividade e da empatia”. Nesse contexto o curso Agentes do Brincar proporcionou muitas reflexões a respeito da importância da brincadeira, principalmente o brincar ao ar livre, atividade que deveria ser prioridade em todos os espaços, não apenas na escola. Durante nossos estudos, diversas áreas contribuíram e enfatizaram que brincar é coisa séria, deve ser planejado e sistematizado com cuidado para atender as necessidades de todas as crianças. O conhecimento sobre o funcionamento do cérebro indicado em pesquisas recentes da neurociência demonstram conexões claras entre o desenvolvimento de habilidades motoras finas ainda no início da vida e sucesso subsequente em matemática. Assim, as brincadeiras têm um papel importante na oferta de modelos, nas variações dos contextos e nas emoções apresentadas pelas crianças, pois são formas de comportamento. Quando falamos em oferecer repertório de brincadeiras, ampliar os movimentos estamos provocando evoluções no cérebro dos pequenos. A velocidade, as voltas, a sensação de perigo causada pela altura, os desafios do equilíbrio, correr, pular são movimentos muito atrativos para, possibilitam acionar diversos circuitos neuronais e Wallon diz que as emoções das crianças se mostram pelo corpo, são indissociáveis. A perspectiva corpo- emoção- meio deve ser aprofundada levando em consideração a importância da cultura e das relações humanas tendo como referencial o papel do cérebro. Com essa informação fica evidente a importância dos modelos e contextos e da intencionalidade ao propor brincadeiras. O currículo da educação infantil paulistana diz o seguinte. Os bebês e as crianças aprendem especialmente ao estabelecer interações e ao realizar brincadeiras. Estas são situações de vida autênticas, pois não prescindem das relações e dos vínculos entre as pessoas, de contextos e de repertórios de práticas. A aprendizagem está presente na realização de todas as práticas da vida cotidiana (LAVE, 2015; ULMANN, BROUGÈRE, 2013 apud SME 2019). Segundo Galvão (2008) “ o meio é o campo sobre o qual a criança aplica as condutas de que dispõe”. O discurso repetido pela pedagogia sobre o protagonismo da criança, erros e riscos fazem parte do processo de aprendizagem e foi comprovado e confirmado pela neurociência. O cérebro precisa sequenciar os comportamentos, treinar a memória de trabalho. Na execução dessas ações os circuitos neuronais recebem os impulsos elétricos e são ativados, mas os agentes precisam colaborar fazendo intervenções seja com o planejamento das ações e repensando os espaços, para garantir que as crianças tenham qualidade nesse processo, pois o ambiente cultural é um facilitador das funções cognitivas. A inserção e estimulação de movimentos deve ser realizada de modo correto. A criança aprende ao observar o modo como o movimento é feito e a partir daí tenta realizá-lo. Se perceber que não consegue fazê-lo da mesma forma que seus pares e dos adultos, se encarrega de buscar a posição, força e inclinação correta, dentre outros ajustes. Para que a brincadeira afete a criança de maneira positiva é necessário um modelo real. Neste caso, o mediador (a) pode realizar movimentos para que a criança tenha a oportunidade de observá-lo(a) para que ela entenda o que é solicitado ao brincar e passe reproduzir de modo correto e a medida que tentar outras vezes, corrige, erra e vai compreendendo o que é esperado em cada situação, atingindo a automatização e correções automáticas dos movimentos posteriormente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bauer, Hanson, Pierson, Davidson e Pollak.Cerebellar Volume and Cognitive Functioning in Children Who Experienced Early Deprivation. BIOL PSYCHIATRY 2009;66:1100–1106 doi:10.1016/j.biopsych.2009.06.014 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado,1988. ­­­­­­______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº. 8.069/90, de 13 de julho de 1990. ______. Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação e do Desporto,1996. DODGE, Janine. O Brincar ao Ar Livre e na Natureza & Gerenciando Risco no Brincar. Apostila do Programa de Capacitação IPA Brasil. (2018). FOUCAULT, M. “Os corpos dóceis”. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 29ª ed. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004a, p. 125-52. GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento inantil. 17ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. São Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Currículo da cidade : Educação Infantil. – São Paulo : SME / COPED, 2019. TONUCCI, Francesco A cidade das crianças. Disponível em: http://cidadeseducadoras.org.br/reportagens/francesco-tonucci-a-crianca-como-paradigma-de-uma-cidade-para-todos/. Acesso em 10 de dez. de 2019. Um brinquedo chamado natureza. http://www.educandotudomuda.com.br/um-brinquedo-chamado-natureza-brincadeiras-naturais/ . Acesso em 10 de dez. 2019. Vandervert L. How. The prominent role of the cerebellum in the learning, origin and advancement of culture. Cerebellum Ataxias. Vandervert Cerebellum & Ataxias (2016) 3:10 DOI 10.1186/s40673-016-0049-z.

  • O IDOSO E O BRINCAR - ENVELHECIMENTO ATIVO

    - Raquel Budow - A Organização Mundial de Saúde passou a adotar o termo envelhecimento ativo no fim dos anos 90. Se quisermos que o envelhecimento seja uma experiência positiva, uma vida mais longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança. O envelhecimento ativo é o aumento da expectativa de uma vida saudável, com qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, aí pensando também nas mais frágeis, as fisicamente incapacitadas e as que requerem cuidados. É uma política pública e é aplicada tanto para indivíduos quanto para grupos populacionais. A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países. QUEM É O IDOSO? Antes de falar das brincadeiras, que é nosso foco, vamos fazer um retrato rápido do idoso, ou seja, aquela pessoa com 60 anos ou mais. O número de idosos está aumentando no mundo todo nos últimos anos. São as transformações sociodemográficas. Os idosos brasileiros com mais de 60 anos superaram os 30 milhões em 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada pelo IBGE, e a tendência é que o envelhecimento da população acelere de forma que, em 2031, o número de velhinhos será maior que o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos no país. Para fazer a comparação: em 2017, a população com 60 anos ou mais somou mais de 30 milhões. Um ano antes, eram mais de 29 milhões e, em 2012, acima de 25 milhões - ou seja, em 5 anos, o país ganhou quase 20% a mais de idosos. Indo mais longe. Em 2025 esse número chegará a 34 milhões, colocando o país na sexta posição entre as nações com maior população de idosos. INTERAÇÃO - ESTÁ NA HORA DE OLHAR PARA A QUESTÃO DO IDOSO Uma observação bem interessante é que o segmento da população de idosos com mais de 80 anos também está crescendo. Os idosos estão envelhecendo mais. Outro ponto a ser ressaltado é que o envelhecimento pode ser visto como uma questão de gênero. Considerando a população idosa como um todo, observa-se que 55% dela são formados por mulheres. Mais uma constatação que dá pra fazer é que as principais causas de morte entre a população idosa, incluindo homens e mulheres, estão intimamente ligadas às doenças crônicas que afetam os idosos em todo o mundo. São elas: • Doenças cardiovasculares (tais como doença coronariana) • Hipertensão • Derrame • Diabete • Câncer • Doença pulmonar obstrutiva crônica • Doenças músculo-esqueléticas (como artrite e osteoporose) • Doenças mentais (principalmente demência e depressão) • Cegueira e diminuição da visão LEGISLAÇÃO Para se alcançar a tão sonhada qualidade de vida, no Brasil, para garantir os direitos dos idosos foi criado o Estatuto do Idoso. O Estatuto do Idoso entrou em prática a partir de outubro de 2003. Ficou seis anos tramitando no Congresso. Ele é o projeto de lei nº 3.561 de 1997 e de autoria do então deputado federal Paulo Paim e foi fruto da organização e mobilização de aposentados, pensionistas e idosos vinculados à Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), resultado de grande conquista para a população idosa e sociedade em geral. O estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Vamos destacar o Capítulo V – Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer. Dentro dele, dois artigos que falam sobre lazer, o mais perto que chegamos do brincar. Artigo 20 – O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade. Artigo 23 – A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais. FORMAS DE BRINCAR Além de proporcionar momentos bons, agradáveis e de descontração, podem as brincadeiras com idosos também ser utilizadas para trabalhar os estímulos da área psicológica, física e mental. Integração social, coordenação motora e capacidade de raciocínio são alguns pontos-chave que podem ser observados por intermédio de uma recreação adequado a este segmento. As atividades ainda podem ajudar a diagnosticar possíveis problemas de saúde de diferentes origens e auxiliar em muitos tipos de tratamentos. I - Brincadeiras com idosos – Foco na integração social O convívio social é muito importante para que o idoso não se sinta sozinho e muitas vezes deprimido. A dinâmica do gelo consiste em estimular a integração social, a capacidade de ouvir, prestar atenção, reter informação e aprender a controlar a ansiedade. 1. Após formar um círculo com os participantes, entregue algum objeto que possa determinar a vez de quem irá jogar. 2. Quem estiver com o objeto deverá dizer seu nome e uma curiosidade a seu respeito. 3. Após a participação de todos, inicia-se a segunda rodada que exigirá um pouco mais de concentração. 4. Dessa vez, quem passar o objeto deverá dizer o nome da pessoa escolhida e o que ela falou na primeira rodada. Em caso de dificuldade, a sugestão é que os demais participantes ajudem na tarefa. II - Brincadeiras com idosos – Melhoria da coordenação motora Existem muitas dinâmicas e brincadeiras simples que podem estimular a prática de exercícios físicos para melhorar a coordenação motora dos idosos. As recomendações são materiais que todos conhecem: massinhas de modelar, trabalhos artesanais, atividades relacionadas à dança, esportes, ou seja, toda e qualquer atividade que proporcione a movimentação corporal. O importante é fazer com que as atividades sejam sempre feitas em grupo, buscando estimular o contato com outras pessoas. Além de ajudar na coordenação também é uma forma agradável de descontração, promovendo o trabalho em equipe. III -Brincadeiras com idosos - Exercícios para a mente Os jogos voltados para o exercício mental são muito importantes. Especialmente para prevenção contra a perda de memória e diminuição da capacidade de entendimento, algumas vezes se tornando grandes desafios de lógica e raciocínio. Dentre os exemplos mais comuns estão: xadrez, bingo, jogos de cartas, jogos de memória e palavras cruzadas. Esses jogos envolvem raciocínio e estratégias e, por isso, oferecem muitos benefícios como a melhora da concentração, maior agilidade para tomar decisões e renovação da memória, entre outros. Realizar um jogo de memória em que os idosos devem falar o maior número de palavras que iniciam com uma determinada letra. Se um participante tiver mais dificuldade, pode receber algum tipo de ajuda do grupo.

  • Diversas formas de brincar - minha vida

    - Lais Centeno Franco - Durante a minha infância, adolescência e até hoje, as brincadeiras sempre estiveram presentes. Com amigos, irmão e até sozinha, eu brincava de tudo. Sendo assim, vou contar um pouco da minha história e dos meus momentos de brincar. Quando eu era criança, minha brincadeira favorita era rouba-bandeira. Sempre gostei muito de brincadeiras em equipe, de preferência as que envolvem corrida, mas a única oportunidade que tinha para fazer isso era na escola, nas aulas livres de educação física, pois como moro em um bairro comercial, não tenho muitos vizinhos. Eu ficava muito feliz quando tinha aula de educação física na escola, pois como disse anteriormente, era a única oportunidade que eu tinha pra brincar com um grupo de crianças, o que é essencial para algumas brincadeiras, inclusive a minha favorita. Acho que isso é uma das coisas que eu senti falta na minha infância; no começo eram dois e depois passou a ser só um dia para educação física, para brincar com meus amigos. No intervalo a maior parte do tempo nós tomávamos o lanche, não tinha muitos horários para brincar. Mas isso nunca me impediu de me divertir. Quando eu estava sozinha, gostava de brincar de escolinha, faz de conta e brincadeiras que envolviam imaginação, até fingia que eu tinha um gato (hoje tenho quatro). Em casa geralmente eu também brincava sozinha com minhas bonecas, com peças de montar, mas às vezes chamava alguma amiga para brincar comigo, o que era mais raro por causa dos horários incompatíveis. Costumava também brincar com meu irmão mais velho de bolinha de gude, vídeo game e de montar cabaninha com cadeiras e lençóis, era muito divertido. Lembro dos meus avós contando como era bom o brincar no tempo deles, que eles podiam ficar na rua jogando bola, empinando pipa, brincando de pega pega e de mais mil e uma brincadeiras. Eu nunca tive essa oportunidade por causa do fluxo de carros na rua, mas cheguei a empinar pipa no telhado de casa e gostei bastante, deu uma sensação de leveza e liberdade, então imagino que na rua devia ser ótimo também. Acredito que com o passar do tempo as sociedades, as oportunidades e, consequentemente, o brincar vão mudando, mas isso não quer dizer que uma época foi ou é melhor que a outra, até porque muitas das brincadeiras permanecem as mesmas, as vezes de uma outra forma, reinventadas, mas com a mesma essência. Isso ficou claro na minha adolescência, quando eu conheci e aprendi a brincar de algumas brincadeiras antigas da minha infância, só que de uma de outra forma. Alguns “pega-pega” ficaram diferentes, surgiram novas regras na queimada, tinham diversas maneiras para dança das cadeiras, entre muitas outras coisas e no começo fiquei um pouco perdida com essas mudanças, achei que não sabia mais brincar, mas depois eu percebi que na verdade eu não desaprendi a brincar e sim aprendi novas formas, ampliei minha visão e meu repertório e isso foi muito importante, pois conheci diversas formas de brincar da mesma brincadeira, em múltiplas situações e condições. Um exemplo disso é na dança das cadeiras, pois quando não tinha cadeiras no local, nós fazíamos riscos no chão ou colocávamos fita crepe, quando não tinha rádio nós cantávamos, então nunca deixamos de brincar por falta de material, sempre tinha plano b. Quando eu fui pro ensino médio, as aulas livres de educação física passaram a ser mais raras, na maioria das vezes jogávamos futebol, handebol, basquete e vôlei. O que eu mais gostava era vôlei, apesar de ser pequena e ter um pouco de dificuldade pra jogar, eu achava incrível, me animava e sempre torcia pra ser esse esporte. Tinha também algumas competições entre as salas nos anos de copa do mundo e olimpíada, mas eu não gostava de participar, pois as únicas opções eram handebol e futebol e eu não gostava muito. Como deu para perceber, os momentos de brincadeira passaram a ser momentos de esporte, o rouba bandeira, pega pega, esconde esconde ficaram cada vez mais raros, até que deixaram de existir na minha rotina. Isso só mudou quando comecei a dar catequese para as crianças da minha igreja, pois no final das aulas ou nos passeios aos parques, propunha algumas brincadeiras e também deixava que elas escolhessem, então pude voltar a brincar do que eu mais gostava e conhecer novas brincadeiras também, dando uma grande nostalgia, uma saudade. Falando deste assunto, me lembro de um poema do Fernando Pessoa chamado “Quando as crianças brincam": Quando as crianças brincam E eu as ouço brincar, Qualquer coisa em minha alma Começa a se alegrar E toda aquela infância Que não tive me vem, Numa onda de alegria Que não foi de ninguém. Se quem fui é enigma, E quem serei visão, Quem sou ao menos sinta Isto no meu coração. Sempre que vejo as crianças brincando, lembro da minha infância, um tempo em que as brincadeiras em grupo não eram muito frequentes, mas eu sempre aproveitava ao máximo. Mesmo sendo algo que eu não tive, conseguia me divertir, nunca deixei de brincar, pois sempre há muitas formas para isso; existem brincadeiras para todas as pessoas, gostos, idades, condições e, o mais importante, elas sempre existirão. Bom, é bem difícil relatar sobre as brincadeiras que eu mais gostava, pois eram todas; acho que não tem nenhuma que eu não gostasse. A maior parte delas eu brincava sozinha, mas mesmo assim era muito bom. Antes de conhecer e fazer o curso Agentes do Brincar eu brinquei muito. Sempre me interessei por esse tema, pelo lúdico, pela imaginação e criatividade e sempre gostei de conhecer novas brincadeiras e novos jeitos de brincar. Na faculdade fiz duas matérias optativas voltadas a esse tema, que foram “brinquedos e brincadeiras na educação infantil” e “arte e educação infantil: dança e teatro”. Foi uma experiência muito enriquecedora para mim, pois pude conhecer formas de brincar em outras cidades, estados e países, conheci brinquedos feitos por crianças ribeirinhas, que moram na zona rural, de povos indígenas e fiquei impressionada com a criatividade; barcos feitos com madeira e folhas, com isopor, bonecas feitas com palha. Não importava os materiais disponíveis, eles sempre achavam um jeito pra construir seus brinquedos e brincar. Contei esse fato, pois quando eu estava fazendo essa matéria, pude relembrar da minha infância, dos brinquedos que eu construí, que eu imaginei. Lembro que toda vez que eu ia no médico, no mercado ou em qualquer outro lugar, eu adorava brincar de imitar quando eu chegava em casa. Eu pegava as caixas vazias de remédio e fingia que era farmacêutica ou que eram produtos de mercado, pegava algumas receitas antigas para receitar às minhas bonecas; que nostalgia! Fazer esse relato me deu muita saudade da minha infância, das brincadeiras, de construir brinquedos, uma sensação muito boa que quero ter pra sempre comigo; na verdade tenho certeza que terei, a essência de criança sempre permanecerá comigo e vou levar minhas brincadeiras por onde for, pois não há nada como o brincar.

  • BRINCAR PARA A CRIANÇA AUTISTA

    - GIOVANNA GIULLIEN BARBOSA DE OLIVEIRA - O presente artigo tem como objetivo apresentar diferentes visões sobre o brincar como meio benéfico e necessário para o desenvolvimento psicológico, motor e social do ser humano, desde os anos iniciais e sem prazo de validade. Possui como referências: O artigo de Cipriano e Almeida “ O brincar como intervenção no Transtorno do Espectro do Autismo” , com viés de principalmente, utilizar do brincar como meio para a intervenção terapêutica em seus atendimentos, nos âmbitos do processo de desenvolvimento socioafetivo e neuropsicomotor, mostra também sua significação na mediação pedagógica. O artigo de Martins e Góes “ Um estudo sobre o brincar de crianças autistas na perspectiva histórico-cultural” tem como viés apresentar práticas educativas promissoras através da abordagem histórico-cultural, com estudo em sessões de brincadeiras. O artigo de Chiote “ A mediação pedagógica no desenvolvimento do brincar da criança com autismo na educação infantil” uma pesquisa de estudo em uma escola, tem como viés a importância da relação estabelecida entre a educadora e o aluno autista, para seu desenvolvimento através do brincar, no aspecto pedagógico. A justificativa da escolha desse tema é devido a falta de informação que existe sobre a importância do brincar no desenvolvimento e devido a necessidade de quebrar estereótipos acerca do autismo, para que então seja possível formar pessoas autônomas, competentes para ingressar na sociedade, independente de seu diagnóstico. DESENVOLVIMENTO O brincar possibilita à criança vivenciar todas as experiências que precisa para seu desenvolvimento e dentro de situações cotidianas em que precisa resolver. Com isso suas habilidades são potencializadas e consegue passar para um maior nível de desafio do estágio seguinte. O brincar é um lugar seguro de experiências, e por isso nenhuma criança deve ser privada de vivenciá-la. Todos os investimentos que possibilitem à criança a sair de sua zona de conforto e que a façam ir além de suas dificuldades inicialmente apresentadas e vivenciadas por elas, utilizando quaisquer instrumentos mediados pela equipe multidisciplinar que atenda a crianças e partindo de uma proposta lúdica (como a voz, o canto, o toque, o olhar ou o brinquedo propriamente dito, ou mesmo os próprios materiais de intervenção precoce utilizados em núcleos e centros especializados, como a bola, o rolo, o tecido, entre tantos outros recursos), todas essas ações podem ser entendidas como de intervenção pelo brincar. (CIPRIANO E ALMEIDA, 2016, p. 88). No caso das crianças autista, os autores apontam a dificuldade que a criança com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) possui para simbolizar, mas que essa dificuldade torna impossível que essa habilidade seja alcançada. Apontam também em seus estudos que, é ocorrente que já no diagnóstico da criança, as pessoas que a rodeiam desistem facilmente de estimular o brincar, devido ao estereótipo formado socialmente de que, se é autista não consegue brincar, ou quando chega a existir o estímulo, logo se desiste por não perceber um efeito imediato. O autismo é classificado como um distúrbio global do desenvolvimento, no qual há um comprometimento em diversas áreas do comportamento e do psiquismo. Na descrição da Classificação Internacional de Doenças - CID 10 (Organização Mundial da Saúde, 1993), essa patologia é definida como um transtorno invasivo do desenvolvimento, identificado pelo surgimento antes da idade de 3 anos e “pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo” (p. 247). (MARTINS E GÓES, 2013 p. 26). A criança com o espectro não é incapaz de brincar, ela só não se desenvolve como as outras que não o têm, ela precisa ser ensinada, e estimulada em todos os campos de suas relações sociais. Essas relações precisam trabalhar em conjunto, em um mesmo movimento para que seja possível que as mudanças ocorram e que a criança não fique exposta a uma confusão maior do que, a que já existe em sua cabeça, e claro para que os resultados se mostrem presentes e a criança possa ter uma melhor qualidade no seu desenvolvimento. A brincadeira é como uma forma de comportamento social, onde as ações lúdicas da criança têm como referências as experiências do meio (família, comunidade, escola, natureza, etc.) que a rodeia. Desta forma, a criança compreende o mundo reconstruindo à sua maneira, ao seu tempo e no seu espaço. A brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pela utilização de regras (explícitas e implícitas) com flexibilidade. (ALMEIDA, 2014, p. 44 apud CIPRIANO E ALMEIDA, 2016, p. 87). Como argumenta também Maturana e Zoller citado por Cipriano e Almeida (2016) "Qualquer bebê mamífero que não encontre, não brincar, uma mãe que o confirme como bebê, terá dificuldades para crescer como um adulto normal, capaz de viver a vida solitária ou comunitária de sua classe". A criança precisa experimentar na brincadeira todas suas potencialidades para que possa se constituir como um adulto seguro, é nela que precisa sentir todas as emoções existentes, para que ao exercitar todas suas complexidades, consiga lidar com as mesmas no futuro, sem a necessidade de um outro de mesma idade ou mais experiente para fazer por ela. O papel da família torna-se preponderante nesse momento, pois, muitas vezes, por falta de orientação ou inabilidade para manejar certos comportamentos, tornam-se permissivas, procurando evitar o desencadeamento de comportamentos disruptivos, reforçando alguns comportamentos rígidos. Desse modo, passam a não oferecer, não apresentar e não possibilitar novas vivências, apresentando um contexto pobre em estímulos, não se permitindo se inserirem no ambiente lúdico da criança, seja por falta de investimento de tempo, por falta de orientação ou mesmo por outras questões que envolvam a dinâmica familiar, como medos e fantasias. (CIPRIANO E ALMEIDA, 2016, p. 87). A família precisa agir de maneira positiva nos anos iniciais da criança, para que mais tarde, na vida adulta não seja necessário interferências, já que essa criança será capaz de lidar com suas questões com autonomia, se assim for estimulada. Para isso é necessário que seja criado um ambiente de permissão a experimentar, vivenciar em seu máximo as oportunidades, e que as mesmas sejam criadas. Guerra (2008) refere, baseado em estudos de Kandel, Schwartz e Kassel (2000), Kolb e Whishaw (2002), Lent (2004), Cosenza (2005), Bear, Connors e Paradiso (2006), que o desenvolvimento do sistema nervoso não finaliza com o nascimento, pois as interações do indivíduo com o meio ambiente aciona os sistemas bioquímicos nos neurônios que, posso fazer isso, podem ocasionar transformações na organização do sistema nervoso, resultado do fenômeno chamado neuroplasticidade. (CIPRIANO E ALMEIDA, 2016, p. 80). Por isso a importância, da criança estar imersa no mundo, e participar de eventos culturais desde a Educação Infantil, para que seja criado sentimento de pertencimento e que a criança não seja privada de ter experiências que contribuam para seu desenvolvimento. A criança só conseguirá agir no mundo, se este lhe for apresentado e lhe for permitido protagonismo, mesmo em pequenos momentos, que para eles são grandes conquistas. A brincadeira se constitui como atividade fundamental no desenvolvimento infantil por possibilitar que, enquanto brinca, a criança, sozinha ou em interação com outras crianças/pessoas, resolva problemas, elabore hipóteses num pensar sobre si e sua atuação no meio, favorecendo a elevação dos modos de pensamento, o desenvolvimento do autocontrole, comportando-se além do que é habitual para sua idade, criando uma zona de desenvolvimento proximal. Desta forma, o presente estudo toma como campo de análise a educação infantil, por esta etapa de ensino prever em sua organização curricular tempo e espaço para o brincar, o que pode favorecer o desenvolvimento da imaginação da criança, sua capacidade de criar, experimentar e levantar hipóteses a partir da realidade. (VIGOTSKI, 2007 apud CHIOTE, 2013, p. 59) Dessa perspectiva, o componente imaginativo da brincadeira infantil tem natureza e origem social, pois a criança reelabora as formas humanas de agir com objetos e de interagir com outros a partir de suas condições concretas de vida, porém criando novas realidades. Ademais, ao brincar, ela se envolve em regras de comportamento e valores sociais, com os quais muitas vezes não conseguiria operar fora dessa atividade. (MARTINS E GÓES, 2013, p. 27) Os três artigos aqui estudados a depender de sua função ou relação social, argumentam que esse outro que acompanha essa criança é de extrema importância para seu desenvolvimento, pois é quem permite e possibilita suas experiências a partir do que é disponibilizado a criança vivenciar. É esse outro que significa, encoraja a criança, cria situações de brincadeiras e dá sentido a elas, é este quem lhe servirá de modelo, quem será sua influência, o que consequentemente influenciará a evolução de desenvolvimento. Como todo processo humano, o desenvolvimento da capacidade lúdica depende das mediações que constituem as vivências na cultura. A mediação social implica a participação do outro no desenvolvimento do sujeito, o que propicia formas de significar o mundo e agir nele. )p27 Como afirma Rocha (2005), num estudo sobre o brincar: As relações entre os sujeitos não se dão de forma direta, mas antes mediada por objetos, instrumentos e pela palavra. Estas formas de mediação são utilizadas não só com objetivos de comunicação, de contato, como com objetivos de regular o comportamento, em sentido duplo, do outro em direção à criança e da criança em relação ao outro. As formas de mediação social, de intervenção de outros sujeitos, com os quais a criança se relaciona desde o início da vida, possibilitam a interação desta mesma criança com os objetos de sua cultura, com as pessoas e, gradativamente, suas operações num plano interpessoal. (ROCHA, 2005, p.33 apud CIPRIANO E ALMEIDA, 2016, p. 27). É preciso portanto que, todos os campos profissionais e sociais juntos, construam uma boa relação com essa criança, para que sua fala lhe cause um efeito influente, segura e de confiança, para que a criança perceba uma fala, orientação, que contribua no seu aprendizado, principalmente para que se crie um sentimento de interesse pelos momentos ali construídos. A área da educação, da medicina e a familiar precisam estar sintonizadas e com um mesmo objetivo em comum de valorizar e enriquecer a mediação estabelecida com a criança autista. CONSIDERAÇÕES FINAIS O brincar é um indicador de saúde, através dele é possível se organizar emocionante, se estabelecer como um ser que sente emoções e colocá-las para o outro, que trocará igualmente seus sentimentos, necessidades e vontades nas experiências estabelecidas. Ele tem um tempo próprio, um tempo da infância,que respeita esse tempo da criança, de sutilezas, da não pressa, da apreciação, e do cuidado com o detalhe. O brincar influenciam no desenvolvimento de habilidades sociais, expressivas e motoras, causa sensação de prazer e bem estar, iguala todo mundo por colocar todos na mesma posição, na mesma realidade. Se a criança autista é ensinada a brincar, é estimulada pelos amigos de escola e grupos sociais que a rodeiam, essa criança viverá o mesmo momento que as outras, durante a brincadeira ou o jogo, serão só crianças que brincam, não existirá durante esse momento a menor importância, se alguém ali é ou não autista. Já que o que está em evidência é o brincar junto, e o estado de prazer alcançado. Na escola por exemplo muitos dos brinquedos ou brincadeiras podem ser adaptadas para que quando propostas no coletivo, essa criança autista sinta-se acolhida e interessada de modo que seja garantido que realmente ela seja incluída de forma orgânica. A área hospitalar e clínicas, precisam promover espaços que possibilitem às crianças ao convite desse brincar, como um espaço de acolhimento que vai ajuda-lá em seu desenvolvimento. Assim, como recomendações aos pais para que os mesmo, contribuam em casa com os momentos lúdicos e deem continuação ao que se iniciou na clínica, mesmo para que haja uma continuidade nesse processo. Se bem pensado e planejado, o brincar como ferramenta para o desenvolvimento da criança autista, os avanços ocorrerão gradativamente, e a criança independente de seu diagnóstico será feliz por ter condições básicas como a autonomia, independência, empoderamento. Condições que soltam essa criança das correntes de dependência, e dar lugar a uma criança livre, feliz e auto suficiente e em um futuro, em um adulto que contribui positivamente no progresso do mundo. REFERÊNCIAS: M. S. Cipriano & M. T. P. de Almeida O brincar como intervenção no Transtorno do Espectro do Autismo. In: Revista Extensão em ação, Fortaleza, 2016. CHIOTE, Fernanda de Araújo Binatti A mediação pedagógica no desenvolvimento do brincar da criança com autismo na educação infantil. In: Revista Pró Discente, Vitória, 2013. A. D. F. MARTINS & M. C. R. de GÓES Um estudo sobre o brincar de crianças autistas na perspectiva histórico-cultural. In: Revista Semestral de Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo , 2013

  • PODEMOS BRINCAR EM TODOS OS LUGARES?

    - Daissy Rodriguez Bedoya - Com a provocação de ocupar espaços geralmente mais contemplativos, com jogos e brincadeiras, surgem um grande número de ideias, desejos, propostas e rebeldias ocultas. Muitas vezes, o silêncio destes espaços, as regras de comportamento, as proibições de aproximação, toque, expressão, obrigam as pessoas a ter uma atitude mais contemplativa do que ativa e/ou participativa. Está claro que o conhecimento pode vir de várias formas, mas a pratica e interação ativa regiões do cérebro necessárias para o aprendizado ou para marcar fortemente experiencias, onde possam ser geradas conexões neuronais. Também sabemos que o brincar, é uma ferramenta que permite o desenvolvimento motor, sensorial, cognitivo, entre outros. Sendo assim, vemos nesta proposta, ou melhor, nesta provocação, como nós, agentes do brincar, podemos repensar ações em alguns espaços onde seja possível uma maior interação, possibilitar experiências, criar memorias de uma forma mais forte e vívida, seja quais sejam os objetivos, desde o pedagógico até desenvolvimento social, político, motoro, entre outros. PRIMEIRA VISITA. MUSEU DA INDEPENDÊNCIA - REGISTRO – “PERFORMANCE - OBRA DE ARTE” PROJETO-OBRA: PATA COJA (pé manco, em tradução livre do espanhol ao português) O jogo da amarelinha é uma brincadeira muito antiga, tendo registros desde o século XVII. Acredita-se que representa a passagem do homem pela terra, para depois chegar ao céu, quadro localizado ao final do desenho. O jogo consiste em pular sobre um desenho riscado no chão, contendo quadrados e retângulos com os números do 1 ao 10 e no final, de forma ovalada, encontra-se o céu. Se atira uma pedra, preferivelmente lisa, ou tampinha. Uma das versões do desenho, se mostra a continuação: Versão da amarelinha. I Regras do jogo 1: • Tira-se na sorte quem vai começar. • Cada jogador joga uma pedrinha ou tampinha, inicialmente na casa de número 1, devendo acertá-la em seus limites. Em seguida pula, em um pé só nas casas isoladas e com os dois pés nas casas duplas, evitando a que contém a pedrinha. • Chegando ao céu, pisa com os dois pés e retorna pulando da mesma forma até as casas 2-3, de onde o jogador precisa apanhar a pedrinha do chão, sem perder o equilíbrio, e pular de volta ao ponto de partida. Não cometendo erros, joga a pedrinha na casa 2 e sucessivas, repetindo todo processo. Perde a vez quem: • Pisar nas linhas do jogo • Pisar na casa onde está a pedrinha • Não acertar a pedrinha na casa onde ela deve cair • Não conseguir (ou esquecer) de pegar a pedrinha de volta • Ganha quem terminar de pular todas as casas primeiro. PROPOSTA: Através desta brincadeira, o que se pretende é ativar o público e possibilitá-lo a repensar o espaço que está transitando, a questionar o que está sendo observado, que a través do movimento e da pausa, da troca, e do diálogo, possa ser ativada a memória, a empatia, o respeito, novas ideias, e porque não, ajudar a criar melhores pessoas para um mundo melhor. Alguns números do desenho foram trocados pelas seguintes frases: fechado, sem acesso, sem memória, sem cultura, sem educação, sem estrutura. E finaliza com o neologismo: Mu-céu. O desenho está feito na frente porta do Museu da Independência, fechado desde o 2013 com previsão de apertura para o ano 2022. A pedra, elemento usado para iniciar a brincadeira, estava amarrada a uma bexiga com hélio. DEPOIMENTOS DE ALGUMAS PESSOAS PARTICIPANTES: “...UAI, os direitos da gente sendo ceifados... eu vejo ali: Sem memória, vocês me fizeram resgatar uma memória que tava adormecida, e aos poucos eu fui relembrando, eu fui ativando essa memória, então achei muito interessante. O que mais me chamou a atenção foi essa questão da sem memória, sem cultura, porque vai se perdendo, né? ...Ah mu-céu. A gente estava em dúvida: será que está fechado porque hoje é domingo o porquê tá tudo fechado... ...É uma pena que pessoas que vem de longe perdem... porque se ativa a memória, reflete, sobre tudo o que aconteceu nos dias atuais por causa do passado, né? Projeta para o futuro...” Mulher, 55 aproximadamente, do estado de MG. “...Eu vim aqui há uns 10 anos atrás, eu cheguei a passar la, lá dentro é muito bonito, tem uma escadaria que sobe e depois abre... e tinha muita obra de arte aí. Mas tem que abrir, porque... é memória...” Mulher, 25 aproximadamente, do estado de MG. *** COMO SURGE O PROJETO: A brincadeira de “ser artista por um dia” é um convite para que qualquer pessoa possa se expressar, por diferentes linguagens artísticas, parte de todo o conteúdo, informações e conhecimento que recebemos nos dias atuais, e por tanto canais comunicativos. A ideia é que cada participante possa desenvolver um conceito simples sobre qualquer tema e apresente um resultado em forma de obra de arte. Desta forma, podemos conectar o público com as artes, levar o conceito de que a arte está presente no nosso dia a dia e que ela pode ser usada para vários fins. De outra forma, permite aproximar o público com o fazer do artista e como tal oficio é valorizado, ou não. QUEM PODE PARTICIPAR: todos e todas, de qualquer idade, gênero, religião, raça, nacionalidade, classe social, etc., basta trazer uma situação especifica, desenvolver o conceito da obra de arte e permitir sua exposição na data marcada. SEGUNDA VISITA. MUSEU DA ZOOLOGIA - REGISTRO – FOTOGRAFIAS Geralmente os museus estão cheios de regras e proibições, é claro que são necessárias para preservar as peças, quadros e diversas artes no lugar, porém, tal conhecimento fica um tanto distante e o publico fica num lugar mais contemplativo, tornando muitas vezes os museus pouco atrativos para uma parte da população. O brincar nestes espaços pode ser um aliado para aprender se divertindo. Mas nem sempre é fácil quebrar regras e silêncios. Apresento algumas fotos ao imitar elementos expostos no museu, fora da vergonha de imitar, existe o olhar do público achando que somos loucos, mas a risada no final faz valer a pena. TERCEIRA VISITA. PINACOTECA. Fui felizmente surpreendida com a obra do artista Ernesto Neto na Pinacoteca. Algumas das suas obras propõem uma interação com o público. A curadoria do museu provoca reflexões e interação nos visitantes. Objetivos, desejos e energias se encontram. Depois da visita, me localizo fora do museu, coloco o cartaz de convite para o jogo e espero. Faço convites, as vezes ao vento, as vezes aos mentirosos, as vezes ao amor. Ao conseguir arduamente completar um número razoável de participantes, começo a explicar o jogo. Cada participante se posiciona encima de uma folha que está no chão. A brincadeira consiste em fazer uma ronda com os participantes. Na primeira rodada eu proponho uma palavra, a pessoa seguinte, terá que falar: XXX palavra me lembra a YYY (palavra), o seguinte falará: YYY (palavra) me lembra a ZZZ (palavra) e assim sucessivamente. A seguir, iremos voltar falando: Eu falei ZZZ (palavra) porque você falou YYY (palavra), e assim até tentar chegar no início. Uma segunda rodada pode ser feita misturando palavra e gesto. Com este jogo se pretende trabalhar a memória coletiva. Ao finalizar, cada um é convidado a escrever na folha, ou as palavras com as quais participou, o fazer um desenho, ou estampar nela o que quiser compartilhar da experiência. O colhido nas folhas escrevo um cadáver esquisito2 que é apresentado aqui: 2 Cadáver esquisito é um jogo coletivo surrealista inventado por volta de 1925 na França. No início do século XX, o movimento surrealista francês inaugurou o método cadavre exquis (cadáver esquisito), que subvertia o discurso literário convencional. O cadáver esquisito tinha como propósito colocar na mesma frase palavras inusitadas e utilizar da seguinte estrutura frásica: artigo, substantivo, adjetivo e verbo. Outra curiosidade a respeito do método é que agrega mais de um autor. Cada um deles intervém da maneira que desejar, porém, dobrando o papel para que os demais colaboradores não tenham conhecimento do que foi escrito. O título do jogo provém do primeiro dos cadáveres esquisitos conhecidos "O cadáver esquisito beberá / o vinho novo, daí o nome do jogo". Tan complementario como recordatorio: escucho, entiendo. …la propuesta con la que me muestro a la vida. Creo y me visibilizo y expreso y relaciono Fuerza Resistencia ¡El círculo a sostener! Sustentar Brazos. La unión La reu-nión. Não temos tempo Silencio, ignorância. Resistencia – cutucada. Bloqueio e dúvida. Resistencia em nossas mãos Nas mãos, lápis vermelhos Livros vermelhos Mãos de esquerda Mãos de direita Relacionamentos e força num espaço infinito Sapatos e flores? Ele brota no mundo rosa, ele vem carregado de luz, vem com a mirra, o incenso, o ouro, com o universo todo na sua cabeça, cabeça maior da rede Sustentar – sensação Espaço Espaço rosa e infinito vem de novo Anel, de dedo Forças, de resistência E todo finaliza? Na eternidade do ciclo, do círculo, do karma, da vida. QUARTA VISITA. EXPOSIÇÃO NA ESTAÇÃO DO METRÔ SÉ – 50 ANOS DO METRÔ. REGISTRO – TEXTO Desço na maior estação de metrô de São Paulo, a estação da Sé, e para minha surpresa me encontro com uma espécie de túnel do tempo. Ali, em pleno centro da cidade, com exatos 28 metros de profundidade de terra e cimento acima de mim, de nós, onde uma massa gigante de pessoas apressadas transita de um lado para outro, conectadas pela falta de tempo, pelo afã do dia, pelo horário perdido ou pelo tempo de sobra, existe uma possibilidade de pausa, de reflexão, de conhecimento. Me permito, me surpreendo, me alegro, me questiono e entro. “A 28 metros de profundidade, a Estação debaixo da praça da Sé é, na verdade, uma gigantesca cruz de concreto, com braços de 136 metros de cumprimento e 30 metros de largura. Possui 3 níveis subterrâneos e tem um total de mais de 32 mil metros quadrados. Ali as pessoas vêm-vão-vem. [...] Tal vez pudessem ser flagrados movimentos curiosos. Desencontros ou ironias do destino que, por falta de narrador, caíram no redemoinho das histórias perdidas. Mas a palavra é mágica e reconstrói no papel algumas cenas.” O percurso dentro daquela cápsula me faz refletir sobre muitas coisas que antes não tinha tomado consciência, mas que já tinha pensado. Realmente, qualquer lugar pode ser uma galeria, qualquer lugar pode ser um canal de comunicação, um exemplo disso são as paredes, sempre achei que elas têm todo o potencial para serem rabiscadas, escritas, pixadas, porquê deixa-las todas brancas ou cinzas? Elas são como papeis em branco, ao céu aberto, ansiosas por alguém olhá-las e deixar marcas na sua pele não orgânica. Mas voltando para o metrô, aqui estamos: Estação memória. Assim é chamada a exposição que apresenta todo o percurso de criação do metrô, foi feita para comemorar 50 anos do maior transporte massivo da maior cidade de latino américa. Durante seu percurso e leituras, vou me perdendo entre tempos passados e presentes... tento imaginar a São Paulo que descrevem: metade do século XIX, uma cidade quase toda ela alagada, povoada majoritariamente por indígenas, mulheres, algumas escravizadas, outras livres. Apresenta-se como potência de modernidade e o que antes era dominado pelos bandeirantes, começa a ser ocupada pela imigração europeia. Em 1865 chegam os primeiros trens, mas já podem ser observados alguns problemas de mobilidade das pessoas que frequentem a cidade, será necessário pensar em um sistema maior, que traga os comerciantes, os trabalhadores, os novos escravos. Mas, no fundo, quem irá renovar e modernizar essa cidade? Grupos de engenharia e consultoria são contratados para projetar as novas linhas, grupos estrangeiros, e de onde vem a mão de obra, grupos estrangeiros também. Como lidamos hoje com nossos migrantes? Esquecemos que eles ergueram esta cidade? Todas as fotografias que vejo aqui me levam a lembrar de todas e todos aqueles que migraram, que aportaram para o que hoje conhecemos como São Paulo, como Brasil. “As ruas da pequena São Paulo de 1900 enchiam-se de fios e postes... ... A cidade tomou um aspecto de revolução. Todos se locomoviam, procuravam ver. E os mais afoitos queriam até ir à temeridade de entrar no bonde, andar de bonde elétrico!” 25 de maio de 1927, Oswald de Andrade. O aumento da população anuncia um colapso na cidade, o planejamento de um transporte massivo e mais rápido era urgente, já que o bonde o os ônibus não eram suficientes para uma população que protestava pelas tarifas absurdas e o mal serviço. Século XX ou ano 2019? 1974, finalmente chegou o dia e o metrô é inaugurado. Mais de 10 mil pessoas foram pra rua para ver o momento da operação da linha entre Jabaquara e Vila Mariana, 6,5 Km de extensão. Foram vendidos exatamente 7.744 bilhetes. O metrô tinha expectativa de 5 mil usuários. “Segundo uma nota de imprensa, uma pasta perdida com dinheiro e documentos foi devolvida intacta ao seu dono horas depois.” O que se perdeu neste caminhar, rumo ao progresso? Nas fotos vejo alegria, corpos se movimentando ao som da modernidade, do samba, da liberdade. Curiosidades de alguns bairros da cidade que amo me chamam a atenção, e as deixo aqui registradas: - Barra funda. “Uma região de várzea ocupada com industrias e vilas operárias. Parte dos seus moradores seria composta por imigrantes da Itália, mas era muito significativa a presença da população negra no bairro, morando em cortiços e casinhas da região. Foi por essa ocupação que o bairro se tornou um dos principais redutos de tradições afro-brasileiras na capital. Onde hoje se encontra o Memorial de América Latina, havia o largo da Banana, onde ocorriam cultos religiosos, festejos e rodas de capoeira.” - Sumaré. “Propriedade de um padre que deixou a terra para duas ocupações. Sumaré é uma espécie de orquídea típica da mata atlântica. - Largo treze: “Encontra-se no bairro de Santo Amaro. O nome é uma homenagem a um santo italiano nascido no século VI e cuja imagem esteve presente em missa rezada pelo Padre José de Anchieta, às margens do Rio Jeribatiba, rebatizado no século XX como Rio Pinheiros. O nome do largo, por sua vez, assinala a data em que foi assinada a famosa Lei Áurea, que colocou fim ao regime escravista, vigente no Brasil até aquela data: 13 de maio de 1888. Se tornou um dos maiores redutos de tradições nordestinas, trazidas e preservada pela população migrante.” - Capão Redondo: “Capão indica uma região de mata situada entre regiões descampadas e Redondo indica o formato circular do conjunto de árvores daquele lugar.” - Alto do Ipiranga: “importante passagem para quem ia e vinha do litoral paulista e da serra do mar. Numa dessas viagens, no dia 7 de setembro de 1822 que o então príncipe regente, Pedro de Alcântara, proclamou, as margens do riacho do Ipiranga, a independência brasileira.” - Vila prudente: “No processo de ocupação do bairro, a presença de industrias e vilas operárias foi forte. Os irmãos Falchi, imigrantes italianos transformaram a paisagem predominantemente rural, de pastos e plantações de frutas numa paisagem mais industrial trazendo uma fabrica de chocolate no final do século XIX.” - Butantã: “No inicio do século XVII tinha a construção das primeiras instalações para moagem de cana-de-açucar da região. Depois de passar pelas mãos jesuítas e depois do Estado, foi escolhido, pelo isolamento pela várzea do rio Pinheiros para receber a equipe de pesquisas médicas conduzidas por Vital Brazil, nos últimos anos do século XIX.” QUINTA VISITA. CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL. VAI VEM. REGISTRO – NARRATIVA E MEMÓRIA (áudio) “O tempo livre em termos brasileiros pode ter como símbolo a rede e o violão.” A rede... une o continente, de norte a sul, une os povos, tece conexões, suporta o ser, reúne, acolhe, acompanha, mecaniza, faz dançar, faz sonhar, faz viajar. “A rede de pano que fabrica domina o pensar do operário e ele sonha com a rede a noite inteira. Fazer a rede enreda o corpo todo dia de quase todo o tempo de viver na trama do trabalho na oficina que tece a vida do homem na rutina de fazer o fio o pano a rede que à noite abrigam o meio corpo do operário cansado do trabalho de entretecer a vida com a rede a mesma vida a fio que um dia acaba e fazendo o pano um dia entra em pane e na paisagem carrega uma rede o reto do trabalho do homem morto.” Jose Inácio Parente. A trama da rede. SEXTA VISITA. EXPOSIÇÃO NO SESC 24 DE MAIO – NORDESTE REGISTRO – VÍDEO A exposição apresenta um sem número de expressões culturais desta basta região do Brasil. É possível ver dentro de uma região, um grande matiz de pensamentos, cores, gostos, vivências, diálogos, memórias. Uma miscelânea cultural tão diversa como a natureza mesma. Aquele caracol parecia nunca acabar, parecia mais um labirinto onde ecoavam risos, choros, lamentos, músicas, moderno e antigo, sem dúvida foi uma viagem cansativa, explosiva, forte e marcante. Tendo um objetivo especifico dentro do espaço pude ficar mais atenta às oportunidades para desenvolver a brincadeira sem deixar de me encantar com as obras apresentadas e sem deixar de interagir honestamente com as demais pessoas que ali estavam. A obra do artista Alcione Alves – Teile e saga do passinho, 2019. apresenta um casal dançando alguns passos de uma dança urbana nordestina. Algumas pessoas só observam a dupla dançar, penso que no fundo, invejam aqueles movimentos. Interajo com eles, provoco os espectadores com um desafio: vamos dançar que nem eles? Para isso temos duas possíveis respostas: sim ou não. E daí vai depender de mim quem topa ou não. A forma de fazer o convite e, obviamente do meu próprio envolvimento. Funcionou. Foi assim, que no meio da exposição 3 pessoas dançamos que nem jogo de X-box, na frente de uma tela, imitando os passos provocativos que o casal de terras quentes dançava, como se fosse mamão com açúcar. Não foi o mesmo para a gente. Esqueci de perguntar o nome da moça que dançou com a gente. O cara do meu lado esquerdo era o José. Seu namorado foi quem gravou o vídeo. Casal fofo demais. Uma outra atividade surgiu no espaço. Ao ser uma exposição muito grande, com muitas telas e vídeos, alguns bancos estavam distribuídos no espaço. Duas vezes aconteceu de uma pessoa e eu irmos pegar um desses bancos ao mesmo tempo. Ambas vezes era um adulto acompanhado de uma criança. Na segunda vez que aconteceu, eu não duvide. Propus a brincadeira da cadeira. Perguntei para a menina que estava com o pai se sabia jogar e se queria jogar, o pai acompanhou e estimulou-a para responder a até brincar. Brincamos da seguinte forma. Uma cadeira para duas pessoas: pai e filha. Eu, de fora, cantava uma música. Tive que improvisar uma música infantil colombiana, por mais que pensei em algo em português, nada veio à mente, de qualquer forma, não foi impedimento para conseguir fazer a brincadeira. Fizemos três rodadas, para poder fazer o desempate. Agradeço muito a atitude gentil e brincalhona da família. Eleonora e o pai (não perguntei o nome, fiquei com vergonha quando me dei conta disso) gostaram muito da intervenção, veio abraço, convite para teatro, troca de ideias, sorrisos. CONCLUSÕES • Penso que este tipo de espaços (museus, exposições, contato com arte) deixa as pessoas mais abertas. • Sinto que na hora que saem do espaço, a pressa toma conta e os arrasta novamente à vida louca. • Ainda existe muito medo nas pessoas da cidade quando alguém se aproxima para conversar. Novamente a questão tempo aparece para evitar o diálogo ou a escuta. • Se isso acontece num espaço vigiado, gostaria de conhecer as reações das pessoas na rua.

  • CORPO, MOVIMENTO E LAZER

    AUTORAS: DANNIELLE BRACIOLI SILVA - DAYANE IGLESIAS LICERAS - RAISSA NONATO AVANZI - PRISCILA LEONEL - Este trabalho pretende falar sobre como a brincadeira é um componente fundamental na vida da criança, que além de divertida é consequentemente necessária para seu desenvolvimento. A pesquisa é bibliográfica, baseada em artigos científicos publicados na internet, livros e revistas,. Percebeu-se que as crianças precisam ser e estar ativas para crescer e desenvolver suas capacidades, o brincar é importante para o aprendizado e desenvolvimento completo das crianças, já que aprendem a conhecer a vida brincando. Por meio do brincar as crianças, exploram, provam, experimentam, buscam e descobrem o mundo por si mesmo, sendo um instrumento poderoso na educação. Brincando, a criança desenvolve o corpo e seus ritmos, o relacionamento com as pessoas e os seus limites, a imaginação e o pensamento poético. Alimentado cotidianamente pela brincadeira, o pensamento da criança encontra soluções inovadoras para velhos desafios, relaciona e mistura coisas e fontes diversas, sacode as dificuldades com humor e irreverência. (ANDRADE & MARQUES, 2003) Brincar não tem função ligada diretamente no brinquedo ou material utilizado, mas na subjetividade de cada criança, que atua e demonstra na sua brincadeira ou atividade na hora que brinca. Souza [2017?] comenta que essa vivência é repleta de satisfação e prazer e quando os mesmos sentimentos estão ausentes, pode contribuir para desenvolver problemas ou transtorno de aprendizagem. Incluso de comportamento da criança. A cada momento do desenvolvimento da criança, o brincar vai se modificando, mas este é de suma importância, para que esta tenha chances de explorar todas as fases do brincar. A necessidade e importância do brinquedo, tem a ver com a exploração do aprendizado concreto do mundo exterior, fazendo uso e estimulando os órgãos dos sentidos, como a função emociona, sensório e motora. “O ato de brincar contribui para um melhor desenvolvimento da criança em todos os aspectos físico, afetivo, intelectual e social. Brincando, a criança organiza e constrói seu próprio conhecimento e conceitos, relaciona ideias, estabelece relações logicas, desenvolve a expressão oral e corporal, reforça as habilidades sociais e reduz e agressividade” (MARINHO, et al, 2007, p. 88). Vivenciar muitas brincadeiras e jogos riquíssimos em movimentos, vocabulário e significado cultural. A partir dessa observação destas atividades lúdicas, o pedagogo pode obter um diagnóstico do comportamento geral de sua turma e do comportamento individual de cada aluno, e por fim descobrir quais são suas maiores dificuldades e suas brincadeiras favoritas. Mas, para que este consiga atingir estes objetivos é necessário que tenha conhecimento e habilidade, para selecionar brincadeiras adequadas às necessidades das crianças. Para elas, necessita-se apenas dispor de espaço e tempo adequado para sua realização. Brincar é o instrumento que lhes capacitam para ir progressivamente se estruturando, compreendendo e aprendendo sobre o mundo exterior. Estes conhecimentos que adquirirem em consequência do brincar, os levam a reforçar os conhecimentos que já possuem e integrar a eles os novos que vão adquirindo. Ao brincar a criança desenvolve sua imaginação, o raciocínio, a observação, a associação e comparação, sua capacidade de compreensão e expressão, contribuindo assim a sua formação completa. De maneira que se pode concluir que qualquer capacidade da criança se desenvolve de forma mais eficar na brincadeira, do que fora dela. Não há diferença entre brincar e aprender, porque qualquer brincadeira que apresente novas exigências a criança, considera-se uma nova oportunidade de aprendizagem, no brincar aprende-se com uma facilidade notável, porque estão predispostos para receber o que lhes oferece a atividade lúdica, a qual se dedicam com prazer. Acima de tudo, a memória, a atenção e a ingenuidade se aguçam no brincar, e todas essas aprendizagens que a criança realiza quando se brinca, serão transferidas posteriormente, as situação não ludicas e facilitando suas relações interpessoais, familiares e sociais. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e tem um significado diferente daquele que aparentam ter. Inclusive, Santos (2014) complementa essa fala, dizendo que, no brincar, casam-se a espontaneidade e a criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais. Logo, a brincadeira favorece nas crianças a melhoria da autoestima e contribui para interiorização de determinados modelos de adultos presentes nos diversos grupos sociais. É reconhecido o papel das atividades voltadas para a ludicidade no desenvolvimento da criatividade, da segurança e autoestima, do autoconhecimento corporal e assimilação de regras e limites. Ainda é necessário ressaltar que as brincadeiras devem valorizar as características de cada um, proporcionando assim uma melhor compreensão de si e do mundo a sua volta. (ANJOS, 2013) O brincar, intermediário do relacionamento social, pode vir a extinguir a frequência de tensões no primeiro contato com o outro, que por muitas vezes se torna sofrido, para a criança praticar, quando depende apenas de seu próprio esforço individual. Deste modo a tarefa age por si só, oferecendo meios, para que a interação se dê de maneira suave e o mais adequada possível. Ou seja, o brincar é um facilitador natural de aprendizagem. Referências ANDRADE, C.; MARQUES, F. Brinquedos e brincadeiras: o fio da infância na trama do conhecimento. Oficinas de sonho e realidade na formação do educador da infância. Campinas: Papirus, 2003. ANJOS, Jairo Alves dos, A importância das atividades lúdicas nas aulas de educação física no processo ensino aprendizagem, Ariquemes-RO, dez. 2013 http://bdm.unb.br/bitstream/10483/6970/1/2013_JairoAlvesdosAnjos.pdf CORDAZZO, Scheila Tatiana Duarte; VIEIRA, Mauro Luís. A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro , v. 7, n. 1, jun. 2007 . Disponível em . acesso em 29 out. 2017. LAZZOLI, José Kawazoe et al . Atividade física e saúde na infância e adolescência. Rev Bras Med Esporte, Niterói , v. 4, n. 4, p. 107-109, Aug. 1998 . Available from . access on 11 Nov. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1517-86921998000400002 STRAZZACAPPA, Márcia. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Cad. CEDES, Campinas , v. 21, n. 53, p. 69-83, Apr. 2001 . Available from . access on 30 Oct. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32622001000100005. EMMEL, Maria Luísa Guillaumon. O pátio da escola: espaço de socialização. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , n. 10-11, p. 45-62, Aug. 1996 . Available from . access on 30 Oct. 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X1996000100004. MARINHO, Hermínia Regina Bugeste; et al. Pedagogia do movimento: universo lúdico e psicomotricidade. 2 ed. Curitiba: Ibpex, 2007.

  • MEDIAÇÃO DO BRINCAR INCLUSIVO

    - Rosana Serafim de Abreu Silva Furtado - Interessante pensar no brincar nesta altura da minha vida, preciso sim voltar a minha infância, para entender o significado para mim. Brincar sempre foi um processo, cheio de rituais e extremamente prazeroso. Meu pai construiu uma casinha de madeira (um barracão pequeno), onde era nosso lugar de brincar, embaixo da garagem. Um dia antes da brincadeira eu fazia o barro e moldava de panelas a pratos e no dia seguinte, já secos, eram usados para fazer a comidinha, o orégano era as folhas secas do chuchu… Muito bom! Pronto. É isso brincar é muito bom! Não posso deixar de falar também dos tratores do meu irmão, que tinham seis botões que eu fingia que era máquina de escrever, afinal a minha vida inteira eu sonhei ser secretária, até descobrir aos 17 que eu queria ser fisioterapeuta, ajudar gente a se reabilitar, ter uma vida melhor. Já na faculdade de fisioterapia resolvi cursar ortóptica e descobri em uma aula que bebês com deficiência visual era o meu mundo, meu caminho. E eu estava certa, pelo menos até agora, 33 anos depois. Assim que me formei, Laramara – Associação Brasileira de Assistência a pessoa com Deficiência visual, um local novo, com uma abordagem diferente chamou minha atenção, fui conhecer e para minha surpresa comecei a trabalhar lá aos 24 anos. Qual era o foco da Laramara? BRINCAR! E foi aí que a INCLUSÃO entrou em minha vida. Aprender, ou melhor, relembrar o quanto o brincar é MUITO BOM, inclusive para a criança com deficiência visual e para aquelas com deficiência múltipla mais ainda. Logo no começo tive uma missão importantíssima: Me tornar BRINQUEDISTA e fazer o projeto da Brinquedoteca da Laramara, aceitei o desafio e criamos, eu e a Célia a LARABRINQ. O quanto nossas crianças de Laramara eram atendidas em diversas terapias, faziam consultas, exames e mais atendimentos e ainda vinham na Laramara para… BRINCAR! Convencer a criança do valor da brincadeira e dos brinquedos era fácil, o difícil era convencer a família, que vinha de longe e muitas vezes dizia “brincar ele brinca em casa”. Geralmente, era balançar o mesmo chocalho diariamente, sozinho. Assim fomos aprendendo juntas a mediar o brincar, o quanto o papel do adulto ou de outra criança é essencial para brincar de verdade. Com o passar do tempo, a família empoderada, já sabia como brincar com seus filho, mas como fazê-lo participar, ser incluído, junto com crianças com desenvolvimento típico? E na escola regular? Simples (só que não), vamos transformar as brincadeiras em INCLUSIVAS, não brincadeiras específicas para a criança com deficiência e sim brincadeiras para TODAS as crianças, inclusive para aquelas que tem uma deficiência. E é essa a minha profissão: uma fisioterapeuta, quase ortopedista, que media a relação da família com sua criança principalmente no momento de brincar. Será que estou oferecendo o melhor para todos eles? Posso fazer MELHOR?? Sempre me perguntava isso ao acordar. Foi quando vi o título desse curso: Mediador do Brincar Inclusivo…. É ISSO!!!! Vim para o curso buscar novos olhares e novas ideias para implementar brincadeiras em meu trabalho. Na primeira aula, adorei a abordagem da história da deficiência e da inclusão, usar desenhos, dividir em grupo, foi uma grande brincadeira. Ótimo começo. Nas aulas seguintes foi muito bom ver professores tão envolvidos no brincar e brincadeiras, com criatividade e muito respeito ao conhecimento e a individualidade de cada um, trouxeram brincadeiras convidativas e o grupo participou ativamente de tudo. A cada aula os mediadores do brincar, professores que pensam e sabem brincar e chamar para brincar, novos mediadores iam se formando, todo mundo se divertindo e aprendendo. Mas eu sentia falta do brincar INCLUSIVO, em vários momentos questionei sobre formas de transformar a brincadeira para todos, inclusive durante a brincadeira na sala, onde surgiram limitações físicas entre os alunos, muitos saiam da brincadeira “para não atrapalhar”. Ah… o grupo!!! Nunca vi tanta gente disposta, interessada em aprender, aberta ao novo. Na minha angústia, queria que o professor lançasse aos alunos o olhar para a inclusão: E aí? Como ficaria essa brincadeira para quem não enxerga, para quem não compreende as regras, para quem não vai segurar a mão do colega, para quem odeia ser tocado por um estranho? A aula da Dra Brincadeira foi realmente muito boa, para que todos pensassem no brincar terapêutico, na brincadeira para conseguir objetivos específicos, aquisições motoras. Colocou todo mundo para pensar em adaptações possíveis para a brincadeira. O curso foi realmente muito bom, um COMEÇO! Gostaria muito que houvesse o intermediário e o avançado!! Se eu pudesse sugerir algo, seria duas aulas para cada professor, a primeira aula foi perfeita, com o histórico, viria a da Dafne com o brincar terapêutico, depois o Anderson, com o olhar para a pessoa com deficiência e sua família – afinal no dia a dia a família tem que ser a MEDIADORA DO BRINCAR INCLUSIVO, pois ela que vai promover a participação efetiva dela na comunidade e na escola. Depois viriam as brincadeiras, pois os colegas, já dominariam o tema, conseguiriam pensar na inclusão nas brincadeiras apresentadas. Não posso dizer que mudou meu olhar, acho que acentuou a minha crença no brincar para toda e qualquer criança, seja ela um adulto, um idoso ou uma criança mesmo. Me deixou com um gostinho de quero mais e me levou mais ainda a pensar no brincar COMO FORMA DE INCLUSÃO: Da pessoa com deficiência, da família da criança com deficiência, da pessoa com problemas sociais, maus tratos, miséria, situação de rua, marginalizados… Me dá a certeza da importância do brincar e da brincadeira para melhorar não só nosso Brasil, mas o mundo. OBS: Quem dera toda escola tivesse pessoas tão abertas ao aprendizado e ao brincar. Tenho muito orgulho de ter conhecido e feito parte de um grupo unido e feliz por estar em um curso no sábado de manhã. E sabe o que mais? Bom demais conhecer a Luciana, com sua postura respeitosa, acolhedora e carinhosa. Bela escolha!

  • Experiências com o brincar

    - Luciane Ribeiro Messias - Minha experiência do brincar em casa era basicamente barbies, bonecas, lego, stop e jogos de tabuleiro m nas na escola eu conheci a "queimada". Vou contar um pouco sobre minha relação com a essa brincadeira "queimada", eu sempre era uma das últimas a ser queimada, porque era bem magra o que já dificultava de me acertarem e eu corria bem rápido também, no entanto não queimava ninguém, eu procurava passar o mais desapercebido possível para não me notarem e de fato dava certo. Minha relação com os esportes: o basquete eu gostava muito de ficar fazendo cestas sozinha, futebol sempre foi o esporte que mais gostava de assistir e de participar, mas não eu não era boa nos esportes, ver a agressividade das pessoas no esporte era algo que me assustava, por vezes parecia que saía um bicho da pessoa, existia regras, mas quando a professora não olhava as pessoas burlavam as regras do jogo, na lei do mais forte. Nas atividades de educação física durante 8 anos foram as mesmas atividades: queimada, pega número e um pouco de cada esporte de forma superficial. Minha professora de Educação Física era uma pessoa que amava o que fazia, tratava bem todos os alunos, ela somente não tinha criatividade e autonomia para nos ensinar mais. Escrevi esse poema sobre minhas experiências com o brincar: O Poder do Brincar Toda nossa vida é um eterno brincar Todas atividades que exercemos é um brincar Vamos enxergar assim Para a vida ser mais leve e divertida Vamos ser gratos Vamos mudar nossas mentes Vamos mudar o mundo Com a transformação do nosso mundo Dizer não vai mudar Mas ser quem somos Ser um exemplo A ser seguida E admirada isso sim pode transformar Ser diferente pode ser duro e revoltante para as pessoas Mas vamos fechar nossa mente para isso E focar no que queremos para nossa vida Vamos focar em ser feliz Vamos focar em nossos sonhos Vamos nos aproximar daqueles que pensam como nós Vamos nos aproximar daqueles que amam Vamos nos aproximar daqueles que sonham Limpar nosso ser de todo lixo presente no mundo E preencher com amor, alegrias, fé, estudos, sonhos e aprendizados Vamos perdoar Pois é o único caminho para prosseguirmos Vamos juntos agentes do brincar Porque juntos somos mais fortes O direito do brincar por muitas vezes não tem sido preservado eis aqui o papel e importância do agente do brincar, de acordo com a Constituição federal (1988) art. 227 “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocálos a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” De acordo com Art 31 da Convenção dos Direitos da Criança: O desenvolvimento infantil e o direito de brincar – 1) Os Estados parte reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, a brincar e a participar de atividades de recreação apropriadas à sua idade e de participar livremente da vida cultural e das artes. 2) Os Estados parte deverão respeitar e promover o direito da criança de participar integralmente da vida cultural e artística e deverão propiciar oportunidades iguais e apropriadas para a atividade cultural, artística, recreativa e de lazer. Por meio deste artigo fica nítido como os direitos humanos e brincar são direito das crianças. Mesmo com esses artigos, mais o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Federal 11.104 de 21/03/2005; cada vez menos o brincar se encontra presente principalmente pela falta de investimento por parte dos adultos. A brincadeira, é uma linguagem infantil, que mantém um vínculo essencial que articula a imitação do real e o imaginário. No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos vivenciado por eles, sabendo que estão brincando. A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as na formação de sua personalidade saudável e a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa, transformando seus conhecimentos anteriores em conceitos gerais com os quais brincam (Santos, 2017). Peter Gray, pesquisador e professor americano, em 2015 realizou uma entrevista para o Portal Aprendiz sobre: Brincar e sentir-se parte de uma comunidade são essenciais para a aprendizagem das crianças; ele é o fundador do conselho da Alliance for Self-Directed Education , que se dedica a promover oportunidades de educação autodirigida para crianças e adolescentes, em substituição à educação coercitiva. Ele também é fundador e membro do conselho da Let Grow, que se dedica a renovar a liberdade das crianças de brincar e explorar, ao ar livre, em espaços públicos, sem a supervisão contínua de adultos. Nesta entrevista Peter Gray relata que as crianças de hoje não têm tempo, espaço e permissão para brincar livremente. Seus lugares são controlados, as horas escolares cresceram e a organização das cidades desfez laços comunitários, tornando o espaço público inacessível e perigoso. Ele relata que somos nós que promovemos oportunidades de auto-aprendizado, socialização e brincadeira, para as crianças terem um aprendizado significativo. Conta sobre a educação tradicional que tem como objetivo a obediência, sem questionar e não o pensamento livre e aprendizado; infelizmente muitas escolas são assim suprimindo o desejo natural de aprendizagem, reprimindo a curiosidade, dizendo que não importam as questões que o indivíduo tem, uma educação que não enxerga o brincar, o jogar e a socialização como parte do aprendizado e que diz que as crianças não devem agir de maneira independente. Gray afirma que o brincar é maneira pela qual as crianças adquirem estrutura física, emocional, intelectual e social. Ao brincar, nós simulamos um mundo no qual é possível praticar as habilidades que serão necessárias ao nos tornarmos adultos de fato. Hoje, as crianças têm muito acesso aos computadores e telas, então eles vão ali buscar o brincar. Mas é na brincadeira de risco, livre e ao ar livre que se consegue lidar com problemas complexos, por exemplo, é subindo numa árvore ou até brigando uns com os outros, que eles aprendem a lidar com raiva e medo sem se autodestruírem. As crianças precisam de todo o tipo de brincadeira, até das mais arriscadas. O brincar tem vários significados em nossa sociedade como: descanso, ausência de finalidade produtiva, treino para a vida adulta, recurso de aprendizagem e desenvolvimento psíquico. O brincar revela a cultura de uma sociedade, além de proporcionar uma experiência de prazer e liberdade. REFERÊNCIAS SANTOS, Geneí Gonçalves Ferreira. A Importância do Brincar na Formação do Sujeito. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 05. Ano 02, Vol. 01. pp 41-56, Julho de 2017. ISSN:2448-0959 Constituição Federal de 1988 Convenção dos Direitos da Criança Estatuto da Criança e do Adolescente http://www.terradoshomens.org.br/ https://portal.aprendiz.uol.com.br/2015/11/26/peter-gray-brincar-e-sentir-separte-de-uma-comunidade-sao-essenciais-para-aprendizagem-das-criancas/ Curso Agente do Brincar – Etec Parque da Juventude

  • O BEBÊ POSSUI MEMÓRIA MUSICAL

    - Francine Gonçalves - Estudos comprovam que o feto está rodeado de sons como a respiração da mãe, os batimentos de seu coração, sua voz e os movimentos peristálticos dos órgãos internos. E esses sons se tornam importantes e necessários para ele, qualquer alteração desses sons e ritmos pode acarretar problemas para o feto e ele já sente a diferença. O bebê, então, desde a fase intra- uterina já está rodeado de uma paisagem sonora. Elliot e Elliot (1964) confirmaram fisiologicamente que a cóclea humana tem função adulta normal após a vigésima semana de gestação. Baseado nesta descoberta foram feitos mais estudos e cientistas comprovaram que o feto poderia ouvir bem a voz da mãe, outras vozes ( só não com perfeição ) e sons do meio ambiente. A voz da mãe tem um grande poder de penetração, devido a maneira suave e cantante que fala com o filho. E essas vozes são muito importantes, pois farão parte da constituição do indivíduo e influenciarão no desenvolvimento da fala mais tarde. Segundo Dr. Benenzon (1985- Musicoterapeuta), “...é freqüente observar que a mãe pianista, no sexto mês de gravidez, deve abandonar a prática do instrumento, como também sua ida a salas de concerto, pelas contínuas sacudidas do feto. Foi relatado o caso de uma mãe, com intensa angústia e ansiedade, que durante seus últimos meses de gravidez, acalmava-se com a audição de Madame Butterfly. Ao nascer seu filho, comprovou-se que a audição de Madame Buterfly era o único estímulo que acalmava seu pranto.” Hoje os estudos da medicina moderna comprovam que quando a mãe ouve muito uma música durante a gestação, o bebê pode reconhecê-la depois. Há vários casos relatados de mães que afirmaram que quando seus filhos estavam agitados colocavam para eles a música que elas ouviam quando estavam grávidas e o bebê se acalmava parava de chorar e os batimentos cardíacos e respiração alterados diminuíam. Em outros casos os bebês se agitavam ao ouvir tal música. Isto comprova que o bebê se lembra da música que ouvia quando era apenas um feto. Um dos fundamentos da Musicoterapia é esta relação do homem com o som, desde a vida intra- uterina. Por isso se torna possível trabalhar, por exemplo, com uma criança que não fala não possui nenhum contato, pois pode-se abrir um caminho de comunicação através de sons que ela conhece, através da identidade sonora que caracteriza ou identifica todos os seres humanos. E esta relação com o universo sonoro não-verbal( intra - uterina) vai ser de extrema importância para contextos terapêuticos posteriores. Muitas gestantes estão procurando a Musicoterapia para desenvolverem uma gravidez mais tranqüila, sem stress e já, para começarem uma comunicação com seus bebês. O importante para todas as mães é que percebam a importância do som e da música para os filhos, por isso é que devem conversar, cantar, fazer carinho, mas não só quando estão dentro da barriga e, sim, a vida toda. Bibliografia BENENZON, Rolando.Manual de Musicoterapia. Rio de Janeiro.Enelivros, 1985. PEREIRA, Raquel e OLIVEIRA, Fernando de.Da comunicação pré- natal à massagem para bebês.Rio de Janeiro. Enelivros,1996.

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